Há cerca de 15 mil alunos a aprender a andar de bicicleta nas escolas graças ao projeto Desporto Escolar Sobre Rodas.
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Liberto Reis, coordenador nacional do programa, que falava na manhã desta sexta-feira no Congresso Internacional Mobilidade Escolar Sustentável, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo, diz que desde que o projeto arrancou há seis anos têm vindo a ser criados manuais e recursos para capacitar os professores. Muitas das bicicletas prometidas pelo Governo já estão nas escolas para impulsionar a aprendizagem.
A monitorização realizada no ano letivo passado indicava que havia 14 649 alunos envolvidos no processo ensino-aprendizagem do projeto de Desporto Escolar Sobre Rodas e 16 726 integrados em gincanas. O projeto, que avançou com pilotos no ano letivo 2018/2019 em oito agrupamentos escolares, evoluiu e atualmente está 219 agrupamentos. A maioria dos grupos-equipas está situada em escolas de Aveiro, Tâmega, Braga, Algarve, Lezíria Médio Tejo e Setúbal.
Inquéritos anteriores indicavam que, em Lisboa e Vale do Tejo, 52% dos alunos não dominavam o padrão motor de andar de bicicleta, ou seja, até podiam conseguir ter equilíbrio em cima de uma, mas não tinham a destreza necessária para andar na via pública. “No norte os números não foram diferentes”, sendo que no distrito de Braga, por exemplo, "quase 60% que não dominavam o padrão motor de saber andar de bicicleta”, disse Liberto Reis ao JN, à margem do congresso. Há dados mais recentes (ano letivo 2022/23), mas ainda estão a ser analisados.
O projeto tem procurado capacitar os professores e criar recursos para auxiliar as escolas nesta tarefa, tendo criado manuais com exercícios e de educação rodoviária, sublinhou o coordenador nacional. Quanto às 20 mil bicicletas (e capacetes) prometidas pelo Governo, grande parte já estão em escolas com 2º ciclo (5º e 6º ano), para impulsionar a aprendizagem.
Ecossistema para mudar mobilidade
Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, realçou que se está a trabalhar na “criação de um ecossistema” em torno da mobilidade, que vai desde a constituição de sistemas de transporte público mais eficiente a apoio a veículos elétricos e mobilidade ativa, nomeadamente através da bicicleta. É preciso “vencer resistência”, admite, sendo e valorar exemplos como o da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, onde cerca de 40% dos alunos vão de bicicleta para as aulas.
O congresso, organizado pela Nunozamaro mobility e promovido pelo Município de Ílhavo, tem diversos parceiros que ajudaram a tornar o evento possível, caso do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré, a associação Patrulheiros e os professores Teresa Pacheco e Pedro Sá. Hoje e amanhã serão apresentados exemplos, em Portugal e noutros países, de projetos que estão a fomentar o uso da bicicleta.