As aulas vão recomeçar sem bolhas, desfasamento de horários, limitações nas cantinas ou circuitos obrigatórios. A evolução pandémica permite às escolas aligeirar as regras preventivas contra a covid-19, no arranque do ano letivo, mas, ainda assim, algumas vão manter-se, garantem os diretores.
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"A escola de 2022 não é a mesma de 2019", frisa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), sublinhando que não pode esquecer-se o passado e que a pandemia ainda não acabou. Os agrupamentos vão manter os planos de contingência que prevêem, por exemplo, as regras relativas à higienização dos espaços.
"Manter a limpeza das salas de aula ou dos ginásios quando muda a turma faz sentido", defende Manuel Pereira. Além da higienização dos espaços, outra medida, aplicada pela pandemia e que se revelou "benéfica" para o funcionamento das escolas, foi as reuniões online de professores, defende Filinto Lima.
"Acho que podem manter-se. Os professores queixam-se imenso do trabalho burocrático e as reuniões online são um excelente facilitador, algumas até são mais produtivas", garante o presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP).
As plataformas, como a Classroom, "também vieram para ficar", garantem os dois diretores. Aquilo que caiu foram outras regras, como o desfasamento de horários, circuitos obrigatórios ou o funcionamento em bolhas que, tal como as máscaras, poderiam ter deixado de ser cumpridas em abril, quando o referencial da Direção-Geral de Saúde para as escolas foi atualizado. "Não íamos alterar turmas ou regras quase no fim do ano letivo, por isso, mantivera-se", explica Filinto Lima.
Voltar a brincar
O Ministério da Educação ainda não enviou às escolas orientações específicas sobre as regras contra a covid-19 no próximo ano letivo. A Direção-Geral de Saúde também ainda não se pronunciou sobre o arranque das aulas. Por isso, concluem os diretores, cumprem-se os normativos em vigor.
Filinto Lima considera que seria de "bom tom", a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, pronunciar-se sobre o recomeço das aulas. Já Manuel Pereira assume "não estar à espera, nem precisar" de novas orientações da Tutela, excepto se a situação pandémica voltar a piorar. "O inverno está a chegar e as escolas têm de fazer a sua parte", frisa.
"Os planos de contingência mantém-se, mas preparámos o ano tendo em conta a organização antes da pandemia. Acho que vai ser um ano letivo normalíssimo", assume Filinto Lima.
A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) "defendia, "há algum tempo, este aligeirar nas regras", sublinha a presidente Mariana Carvalho.
"Tememos que ainda seja cedo para aferir as consequências negativas, que vão perdurar nas crianças pelas regras limitativas à socialização, como o funcionamento em bolhas ou as restrições nos recreios. Assim, acreditamos que este regresso à normalidade seja benéfico", explica.
Ainda assim, frisa, "o passado não pode ser esquecido" e, por isso, há normas, admite a presidente da Confap, que podem e devem manter-se, como a possibilidade dos alunos terem aulas à distância quando ficam doentes, mesmo que não seja infeção por covid-19.
Verbas para aquisição de aventais e de luvas
As aulas vão recomeçar sem a distribuição de máscaras, no entanto as escolas receberam verbas para comprarem luvas, aventais, viseiras e álcool-gel para o primeiro período. De acordo com a nota enviada aos agrupamentos pela Direção Geral dos Estabelecimentos (DGESTE) a 7 de julho, a higienização das mãos com a solução antisséptica deve manter-se. O restante material deve ser comprado para os assistentes operacionais, antes do arranque do ano letivo, "considerando a necessidade da sua utilização em tarefas específicas e não de forma permanente", lê-se no ofício a que o JN teve acesso.