Um "Manguito" com cerca de dois metros de altura e 70 quilos de peso vai ser transportado, segunda-feira, de manhã cedo, para a entrada do Palácio de Belém, em Lisboa, residência oficial do presidente da República. A obra, do artista Carlos Oliveira, pretende ser a "representação da voz popular, de quem sofre com as indecisões políticas".
Corpo do artigo
Ao JN, o artista de 60 anos admite que não tem autorização para a instalação, mas sente que não podia ficar parado e quis dar um contributo para a reflexão do "momento que estamos a viver". "Vou por minha conta e risco. Por mim, fica lá como manifesto popular", disse. A obra é feita em alabastro e resina de poliéster reforçado a fibra de vidro.
A peça, inspirada na figura do Zé Povinho, de Bordalo Pinheiro, foi criada há cerca de uma década para outra ocasião e ficou "adormecida" no atelier do escultor, nas Caldas da Rainha. Na última semana, em conjunto com o duo de arte contemporânea Malibu Ninjas, foi decidido finalizá-la com uma "intervenção artística em pintura".
A intenção é "levá-la para o público e que seja divulgada como um gesto popular de indignação à desgovernação que estamos a ter", conta Carlos Oliveira. Pretende-se que "sirva o momento em que vivemos, de descontentamento popular, hipocrisia e corrupção. A favor da verdade, da democracia, da justiça e da paz".
"A minha intenção é, como cidadão, como português e como artista, dar um contributo ao momento que estamos a viver", disse, lamentando "o aumento do custo de vida, as dificuldades em todas as frentes da sociedade e tudo o que se passa com a instabilidade mundial, o sistema predador do capital, toda esta confusão que paira no ar".
"O que vimos é disparates, desde a TAP ao custo de vida, à saúde. Eu não sou partidário de nenhuma força política, mas estamos a viver um momento que não passa pela cabeça de ninguém", finaliza Carlos Oliveira.