Crescente exposição à publicidade ao jogo, especialmente entre os mais jovens, preocupa.
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A facilidade no acesso ao jogo a dinheiro e a crescente exposição à publicidade, especialmente entre os mais jovens, está a preocupar especialistas na área dos comportamentos aditivos.
O vice-presidente do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) defende uma revisão profunda da legislação em vigor, para uma proibição generalizada da publicidade ao jogo, com exceções bem definidas.
A preocupação não se limita aos meios tradicionais, com ascensão dos influenciadores digitais e a proliferação de conteúdos nas redes sociais que estão a tornaram a publicidade mais difícil de controlar, alerta Manuel Cardoso. O responsável aponta a necessidade de impedir menores de acederem às plataformas ‘online’.
“Hoje, eletronicamente é perfeitamente possível encontrar fórmulas para eles não conseguirem entrar”, sugere, alertando que muitos utilizam dados dos pais para contornar as restrições.
“Há um claro excesso de exposição, desde clubes de futebol patrocinados por casas de apostas, até à avalanche de anúncios nas rádios e televisões, em horários de grande audiência. A isto juntam-se notícias que romantizam ganhos fáceis, como a raspadinha que mudou a vida de alguém com cinco euros”, ilustra Pedro Morgado.
Cartão do jogador
Para o psiquiatra, a criação de um cartão do jogador, tal como já começou a ser implementado em alguns países europeus, é uma medida fundamental “para que os jogadores tenham consciência real dos seus hábitos e das suas perdas”.
“É preciso pensar formas eficazes de limitar comportamentos de risco. Já há algumas tentativas de limitar a quantidade de horas em cada jogo”, sublinha o vice-presidente da Ordem dos Psicólogos. Daniel Coelho defende também políticas que aumentem a literacia da população, bem como a formação e a capacitação dos profissionais.
André Fialho defende também que todos os operadores deviam ter uma “linha de atendimento obrigatória dedicada ao jogo responsável”. O psicólogo sugere que parte dos lucros financie programas de reabilitação e de investigação de entidades independentes.