A proposta do PSD para uma auditoria externa e independente à Caixa Geral de Depósitos mereceu o apoio do CDS-PP mas foi chumbada pela esquerda parlamentar.
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O pedido social-democrata foi esta sexta-feira discutido e votado em reunião da comissão de inquérito, com a esquerda a lembrar que o Governo já incumbiu a futura administração da Caixa de ordenar uma auditoria, e também em debate no parlamento está um projeto de resolução do Bloco pedindo uma auditoria forense.
"A questão para o PS nunca foi formal, é verdadeiramente política", acusou por seu turno o deputado social-democrata Hugo Soares, coordenador do PSD na comissão parlamentar.
Para o também vice-presidente da bancada "laranja", a auditoria que o Governo pediu à futura administração do banco público para encomendar poderia ser uma "espécie de auditoria caseirinha".
"Achamos que esta é uma auditoria que se impunha de fora para dentro", prosseguiu Hugo Soares, em declarações aos jornalistas no final da reunião, com o coordenador do PS na comissão a falar depois num "número político" do PSD.
Uma auditoria pedida pela comissão de inquérito seria "redundante", vincou o socialista João Paulo Correia, lembrando o pedido do Governo e também o projeto de resolução do Bloco que vai a votos na quarta-feira no parlamento.
"O PSD propõe que esta comissão parlamentar encomende uma auditoria mimetizando o objeto da própria comissão", disse por sua vez o deputado do Bloco no inquérito, Moisés Ferreira.
Já o coordenador comunista e deputado único do partido nos trabalhos, Miguel Tiago, sublinhou que para além do voto contrário ao pedido do PSD é também contra a auditoria forense que o BE recomenda, vincando não haver "nenhuma disposição legal que habilite a Assembleia da República a avançar com processos forenses".
João Almeida, do CDS-PP - partido que votou ao lado do PSD o pedido de encomenda de auditoria pela comissão - diz que todos os mecanismos fortalecem o "trabalho de escrutínio" dos parlamentares "ao que se passou na Caixa".
Na reunião da comissão de inquérito foram aprovados os nomes chamados pelo partido para serem ouvidos nesta fase, e o presidente da comissão, o social-democrata José Matos Correia, indicou que serão feitos os contactos com vista às futuras audições.
Até ao final do mês estarão na comissão parlamentar o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o ainda presidente da Caixa, José de Matos, sendo expectável que as demais audições - que abarcam antigos ministros, quadros antigos e atuais da Caixa, reguladores e supervisores - sucedam apenas em setembro.