
Elevada letalidade preocupa peritos
Leonel de Castro/Global Imagens
Elevada letalidade por covid-19, numa altura em que desaceleram os novos casos, preocupa especialistas.
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Nunca a covid matou tanto como nos últimos sete dias, com 585 óbitos, numa média diária, entre 6 e 12 de dezembro, de 83,6 mortes. O mês de dezembro responde já por 18% do total de óbitos por SARS-CoV-2. Com o desacelerar da incidência, a mortalidade está a preocupar os peritos.
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De acordo com o boletim divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal soma já 5461 óbitos por covid. Com o registo, nas últimas 24 horas, da morte de uma jovem. Ao JN, a DGS fez saber que a "vítima tinha 19 anos, era da região Norte e tinha patologias graves associadas".
Numa análise aos últimos sete dias (de domingo a sábado), Portugal atingiu um máximo, com 585 mortes. Segue-se o período de 22 a 28 de novembro, com 539 óbitos. Aliás, sublinhe-se, 54% do total de óbitos por covid registam-se desde o passado mês. Enquanto dezembro soma já 18% da mortalidade devida a SARS-CoV-2.
Peritos preocupados
Com o número de novas infeções em desaceleração - nas últimas 24 horas contabilizaram-se mais 4413 - a elevada mortalidade preocupa especialistas, na medida em que se esperaria uma inflexão. No contexto europeu, Portugal conta com a 14.ª taxa de letalidade mais alta.
"Os óbitos e os internamentos não estão a responder à desaceleração, não respondem à redução do número de casos", sublinha, ao JN, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Antunes. A que se junta uma outra preocupação.
Depois de uma desaceleração mais expressiva - até 24 de novembro, registávamos uma taxa média diária de redução de novos casos de 3% -, "estamos a desacelerar a descida quando devíamos estar a acelerar", avisa.
Pelos seus cálculos, que não incluem os dados da DGS das últimas 48 horas, desde que se atingiu o pico, a 18 de novembro, Portugal está com uma taxa média diária de redução de novos casos de 1,4%. O que significa, explica, "que estamos a reduzir os casos a metade a 48 dias". Estimando-se, assim, chegarmos a início de janeiro com menos de mil novos casos por dia.
Depois de uma taxa de 3%, os peritos estão a analisar este desacelerar, revelando Carlos Antunes estarem também "receosos, porque o R - que mede o grau de transmissibilidade de infeção - voltou a subir e está próximo de 1", nos 0,98.
