Lembro-me que, em 18 de Maio de 2004, também os jornalistas portugueses que fizeram reportagem da assinatura da Concordata entre a Santa Sé e Portugal cantaram os parabéns, no Vaticano, ao Papa João Paulo II, que, já muito débil, celebrava os seus 84 anos.
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Foi uma das minhas últimas reportagens no estrangeiro como jornalista prestes a reformar-se. Até hoje, incompreensivelmente, essa Concordata ainda não entrou em vigor. Não admira que o presidente da República, Cavaco Silva, interpelado pelo arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, tenha dito, na passada quinta-feira, na Cidade dos Arcebispos, que as questões pendentes na Concordata entre o Estado e a Igreja devem ser "resolvidas a muito breve prazo". Lembrou que a Concordata já foi assinada num Governo anterior e com outro primeiro-ministro, Durão Barroso, frisando que "falta solucionar não apenas os problemas do domínio do património mas também os da assistência religiosa, nas forças armadas e nos hospitais". Cavaco Silva já falou disso com o Papa Bento XVI, em 2008, em Roma, e com as autoridades políticas adequadas. Tem razão quando diz: "Esperemos que tenham evolução positiva e não daqui a muito tempo". É um imperativo diplomático. Não dá para adiar muito mais, sob pena de o Estado português não poder ser tido como pessoa de bem.