Ministro queria cortar na fatura, mas hospitais gastaram mais 109 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. Encargos dos utentes na farmácia também cresceram por via do aumento do consumo e do preço dos fármacos.
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Há cerca de um ano, o ministro da Saúde considerou “insustentável” o aumento da despesa pública com medicamentos acima dos 10% ao ano. De lá para cá, o “monstro” continuou a crescer. Entre janeiro e junho deste ano, os hospitais gastaram 993 milhões de euros em fármacos, mais 109 milhões do que no mesmo período do ano anterior, num crescimento de 12,3%. Nas farmácias, os encargos do SNS com medicamentos subiram 27 milhões de euros (mais 3,5% do que no primeiro semestre de 2022), para um total de 790 milhões, apesar do ritmo de crescimento da despesa ter abrandado. Os gastos das famílias com fármacos também cresceram 26,5 milhões de euros (6,6%).
As declarações de Manuel Pizarro datam de outubro de 2022. À data, o ministro falou num “capitalismo estranho” que existe no setor da Saúde, em que o preço que o Estado paga por um produto, seja ou não inovador, não varia com a quantidade adquirida. E anunciou que ia dar início a negociações “exigentes” com a indústria farmacêutica, traçando uma linha vermelha: o crescimento da despesa com medicamentos não pode ser superior ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “É absolutamente claro que o país não pode aumentar 10% ao ano a sua despesa com medicamentos”, frisava o ministro em janeiro.