Estado poupa dois milhões de euros com os candidatos presidenciais menos votados
Sete candidatos às eleições presidenciais não têm direito a subvenção estatal, por terem ficado abaixo dos 5% de votos. As maiores dificuldades poderão ser para Maria de Belém Roseira, enquanto o PCP assume o saldo negativo de Edgar Silva e Paulo de Morais vai lançar uma campanha de angariação de fundos. Os dois "mais pequenos" pagam dos seus bolsos.
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O Estado, em compensação, poupou em relação ao orçamentado (3,408 milhões de euros). Como apenas Marcelo Rebelo de Sousa, Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias terão direito a subvenções, não ultrapassando um total de 1,354 milhões, a poupança será de pelo menos 2,054 milhões de euros.
Para uma despesa esperada de 650 mil euros, a candidatura de Maria de Belém previa uma subvenção de 790 656 euros, além de 104 720 em angariação de fundos. Como obteve 4,2% dos votos, nada receberá. Não respondeu ao JN sobre os encargos estimados, as receitas e como pagará o eventual saldo negativo.
Com 3,95% dos votos, a candidatura de Edgar Silva não obtém qualquer subvenção - esperava 377 750 euros para um orçamento de 750 mil, que já previa uma contribuição financeira do Partido Comunista Português de 342 250 euros e 30 mil de fundos e donativos. "Na situação decorrente das eleições, [o PCP] perfará o total das despesas eleitorais", esclarece, e cumprirá as obrigações "sem qualquer recurso a empréstimos". A sua "independência financeira" assenta, "essencialmente, na contribuição dos seus militantes e de muitos apoiantes, e através de realização de iniciativas próprias".
O terceiro maior valor esperado em subvenções era da candidatura de Henrique Neto - 199 mil euros, além de 65 mil euros em donativos. Mas os 0,8% de votos deixam-na longe de qualquer apoio. O JN não logrou obter qualquer resposta sobre o seu saldo e como será pago.
A quarta candidatura a prever uma subvenção foi a de Paulo de Morais - 61 mil euros, para uma despesa de 93 mil. Segundo explica, a campanha custou cerca de 60 mil euros e obteve 16 mil dos 30 mil esperados em donativos. Para cobrir o saldo negativo de 44 mil euros, Paulo de Morais, que obteve 2,1%, vai "fazer um apelo aos apoiantes". "O resto pago do meu bolso - até ao último euro", acrescentou, prometendo saldar as dívidas até ao final de fevereiro.
Não é inédito. Após as últimas legislativas, a formação Livre/Tempo de Avançar teve de recorrer à angariação adicional de fundos para cobrir 120 mil euros de encargos. Segundo o seu líder, Rui Tavares, falta pagar uma fatura de 40 mil euros, cujo prazo ainda não está vencido.
Os restantes candidatos nada recebem, mas também nada esperavam. Vitorino Silva previra gastar 50 mil euros. "Ainda não fiz as contas, mas gastei muito menos". Segundo a sua assessoria, as despesas foram feitas "à medida das possibilidades", com donativos da família. A maior parte do que seriam encargos é trabalho oferecido pelos elementos e amigos da candidatura, ou recurso à requisição de espaços públicos.
Jorge Sequeira previra 123 500 euros para um "orçamento desejável", mas reviu-o "em baixa", sem acessórios e "investindo no contacto com os cidadãos" e sem deixar os afazeres de empresário. Segundo a sua assessoria, os cerca de 18 500 euros gastos serão pagos por si.
Com o resultado mais baixo, o candidato Cândido Ferreira terá gasto cerca de 50 mil dos 60 mil euros orçamentados. Também sem quaisquer donativos, assume sozinho os encargos da campanha. v