Paulo Nossa, especialista em demografia, departamento de geografia da Universidade do Minho.
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As ilhas e as regiões do Tâmega, Ave e Cávado apresentam a maior vitalidade demográfica do país. Como se explica?
De todo o território nacional, são as regiões menos envelhecidas há já alguns anos - embora este índice tenha vindo a diminuir. Portanto, podemos estar perante um efeito calendário: são populações onde há mais mulheres em idade fértil e o potencial de fecundidade é maior.
E porquê essas regiões?
De certa forma, é histórico: na década de 1990, a natalidade estava acima da média nacional nos Açores e no distrito de Braga. Prende-se com alguns factores culturais e alguns factores religiosos (que se estão agora a diluir) e com o menor êxodo migratório. As localidades do Interior começaram a envelhecer na década de 1970, porque eram parcamente povoadas e a emigração esvaziou-as. Não é o caso de Braga. Já nos Açores, o número de filhos por família era sempre maior, até porque se casava mais cedo do que no continente. E tem a ver também com processos educacionais: o abandono escolar era mais elevado nas ilhas.
O Retrato Territorial de Portugal adianta que a vitalidade destas regiões se deve quase exclusivamente ao saldo natural positivo...
Não são apetecíveis para imigrantes. Em contrapartida, tenho dúvidas que não contribua para a emigração...
A capacidade de renovação da população activa também é maior nestas regiões. Pela mesma razão?
Sim. Há dez anos, já eram as regiões mais jovens e, portanto, com mais potencialidade de fecundidade. No Interior e no Alentejo, por exemplo, a população activa só se renova por migração interna ou imigração, mas essa só acontece por ciclos.