Celebrações de passagem de ano classificadas como eventos culturais não estão proibidas.
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Há várias festas de passagem de ano que se estão a preparar para reunir milhares de pessoas sem que as regras definidas anteontem em Conselho de Ministros o impeçam. O primeiro-ministro anunciou o encerramento de bares e discotecas justificando que são locais com maior propensão para o contágio, mas as festas realizadas em hotéis, pavilhões, casinos e salas de espetáculos com pista de dança ficaram de fora.
O pavilhão 2 da Feira Internacional de Lisboa (FIL), por exemplo, vai receber uma festa de música eletrónica com cinco DJ de Techno. Não inclui jantar, pois as portas só abrem às 22 horas. O espaço de 3800 metros quadrados tem capacidade para 3500 pessoas. Após o anúncio das medidas, anteontem, várias pessoas perguntaram no Instagram se a festa continuava de pé, e elementos da organização confirmaram que sim, que "a maior passagem de ano vai acontecer".
Nas redes sociais é fácil encontrar vários eventos agendados para o final do ano em espaços que têm capacidade para centenas ou milhares de pessoas que prometem que nada mudou. É o caso da festa que está agendada para o pavilhão Carlos Lopes, no centro de Lisboa. Vai juntar as Nonstop, Edmundo Vieira (ex-Dzrt), o DJ Gonçalo Ferro e cerca de 3000 pessoas. Neste caso, os 125 euros de entrada também incluem jantar e a organização assegura que "eventos culturais podem acontecer apresentando teste negativo".
A resposta é verdadeira, pois só os espetáculos que ocorrerem fora de espaços culturais é que precisam de parecer da DGS. O que não é o caso, pois é um espaço cultural e só precisa de plano de contingência e testagem à entrada, de acordo com as normas da DGS. Ao contrário de bares e discotecas, que fecham.
Fechar seria "brutal"
António Costa foi confrontado com esta contradição, anteontem, e justificou que "já há um conjunto de iniciativas contratadas, já há pagamentos e o impacto seria brutal do ponto de vista das famílias e também do ponto de vista económico". Assim, o primeiro-ministro recomendou "que não se participe, mas participando, só podem participar com teste negativo".
Ao JN, fonte do Ministério da Presidência confirmou que nestes eventos "será sempre necessária a verificação de um resultado negativo de teste". Recorde-se que a Associação Nacional de Discotecas lamentou as medidas e falou de custos "incalculáveis".