"As mulheres com dificuldade em dormir, com sono não reparador, insónia, despertares frequentes durante a noite vão sofrer mais com a mudança de horário, com maior dificuldade em adormecer e manter o sono e mais sintomas no dia seguinte".
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O aviso é feito pela médica Pneumologista e especialista em Medicina do Sono. Vânia Caldeira alerta ainda para o facto de todos aqueles “sintomas poderem persistir vários dias após a mudança de hora”.
Enquanto muitos celebram a chegada de dias maiores e a promessa de fins de tarde mornos e quentes, o novo horário de verão representa uma doe de cabeça para muitos, e as mulheres estão entre as principais afetadas, a par de quem dorme mal, dos adolescentes e das crianças, que veem as suas rotinas serem tendencialmente alteradas para uma hora posterior, sobretudo o momento de deitar.
Para a médica e coordenadora da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono é tempo de tentar minimizar os efeitos. Ainda que não estejamos propriamente a tempo de “dormir bem na semana prévia (7 a 9 horas de sono no adulto)”, a verdade é que podemos começar a. “garantir uma boa exposição matinal à luz e limitar a mesma à noite (dispositivos eletrónicos incluídos)”. “Uma boa higiene do sono pode ser a arma secreta para se adaptar melhor à mudança, mas é essencial procurar ajuda médica especializada se sente que não dorme bem ou que o sono não é reparador. Dormir melhor pode fazê-la conhecer a melhor versão de si mesma”, recomenda Vânia Caldeira.
“O horário de verão é o menos saudável para o nosso sono”
“Esta mudança da hora na primavera obriga a mais um desafio que implica termos um dia de 23 horas, agravando o problema da privação de sono preexistente, com mais sonolência nos dias seguintes, menor atenção e concentração, menos rentabilidade no trabalho ou no treino e risco de sonolência ao volante”, elenco a especialista em resposta por escrito à Delas.pt.
Vânia Caldeira lembra a outra face da moeda dos dias mais longos: “A exposição tardia à luz inibe a produção de melatonina, atrasando o início do sono e agravando a sua qualidade. A falta de luz pela manhã dificulta o despertar, com mais inércia e pior performance”. Por isso, a médica e coordenadora da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono deixa bem claro que “o horário de verão é o menos saudável para o nosso sono”.
Sintomas diferentes de apeia de sono atraso diagnóstico nas mulheres
“Sabemos que a insónia (dificuldade em iniciar ou manter o sono) e a síndrome de pernas inquietas (sensações desagradáveis nas pernas piores ao final do dia e com o repouso, que melhoram com o movimento e são causa de despertares noturnos) são doenças que afetam mais as mulheres do que os homens”, lembra a médica. Mas Vânia Caldeira acrescenta a apeia do sono porque, “embora se pensasse que era mais prevalente nos homens, sabemos cada vez mais que isto pode não corresponder à verdade”.
E exemplifica: “Quando pensamos em apneia do sono, imaginamos um homem de meia-idade, com excesso de peso, que ressona durante a noite e que adormece em qualquer lado. Sabemos que o ressonar e a sonolência não são sintomas habituais nas mulheres com apneia do sono. E não apenas porque os maridos durmam tão bem que não reparem no ressonar”. “Nas mulheres predominam as queixas de sono não reparador, a insónia com muitos despertares e dificuldade em manter o sono, as alterações do humor com maior instabilidade emocional e ansiedade ou irritabilidade, as dificuldades de concentração e memória. Estes sintomas menos exuberantes atrasam muitas vezes o diagnóstico”, alerta Vânia Caldeira.