Trabalhadores das cantinas do Politécnico do Porto em protesto. Alunos lamentam que problema não seja resolvido.
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"Andamos quase há sete meses nisto", atira, desanimada, Sandra Sousa. É uma das 19 funcionárias das cantinas do Instituto Politécnico do Porto (IPP), que, na terça-feira, se manifestaram no campus 2, na fronteira da Póvoa de Varzim com Vila do Conde. Em março, a concessionária desistiu do negócio e estão, desde então, sem salário. No IPP, há mais de 20 mil alunos, professores e funcionários desde abril "sem acesso a uma refeição decente". Estão solidários.
"É complicado. Temos contas para pagar. Tenho dois filhos menores!", diz Alcinda Silva. Era, há 15 anos, funcionária da cantina no campus 2. No final de janeiro, veio o confinamento. A StatusVoga nunca mais voltou a trabalhar. Cantinas e bares fecharam nos três "campi" universitários do IPP. "Desistiram e devolveram a concessão ao IPP. Nós fazemos parte da concessão. O IPP tinha que assumir os trabalhadores", acrescenta.
Sandra Sousa trabalhava no Instituto Superior de Engenharia (ISEP). Explica que, de abril a setembro, estiveram "sem receber um tostão". Agora, "depois de muita luta" e da intervenção do Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria do Norte, a Segurança Social está a pagar-lhes o equivalente ao subsídio de desemprego, mas, por ali, todos querem é trabalhar.
"Estou farta de andar dois quilómetros para ir comer. Pago propinas para quê? E vocês também têm famílias para sustentar", atira Sofia Laranjeira. Tem 21 anos e é estudante no campus 2, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo. Também ela lamenta "tanto tempo sem resolver a situação".
Concurso deserto
Depois da desistência da StatusVoga, o IPP abriu concurso e prometeu reintegrar os funcionários na empresa que vencesse, mas o procedimento ficou deserto. Seguiu-se novo concurso. Em setembro e em outubro, as duas melhor classificadas recusaram pegar no negócio. A última diz que equipamentos e instalações "não têm condições mínimas". O IPP está, agora, a fazer obras e já abriu novo concurso, mas, até lá, há 19 trabalhadores "ao Deus dará" e mais de 20 mil sem cantina. O JN tentou, sem sucesso, ouvir a empresa.
A reter
19 211 alunos
O IPP tem três "campi" universitários: Asprela e Baixa (Porto), Póvoa de Varzim/Vila do Conde e Tâmega e Sousa (Felgueiras).
Mais prejudicado
O campus 2, na fronteira da Póvoa de Varzim com Vila do Conde, é o que mais sofre, dizem os funcionários. É que o polo, situado numa zona isolada, obriga quem lá estuda e trabalha a andar vários quilómetros até ao centro da cidade para comer uma refeição.
Mais caro
Os alunos pagam 2,70 euros pela refeição nas cantinas do IPP. Por esse preço, queixam-se, "é impossível comer em qualquer lado". Ou pagam mais ou alimentam-se pior.