João cumprirá a segunda missão na República Centro-Africana, já a médica Beatriz vai estrear-se. Estão entre os 180 militares que partem em outubro.
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A tenente e médica algarvia Beatriz Mendonça, de 27 anos, é uma das 11 mulheres que vão participar, pela primeira vez, na Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA). Ontem, no exercício militar em Estremoz, Beatriz estava consciente da realidade complexa que encontrará naquele país da África Central.
"Vou para a República Centro-Africana pela experiência que irei adquirir como militar e como médica. Tenho consciência das condições que irei encontrar", confessa. Questionada sobre a forma como a família reagiu à decisão, Beatriz refere que "ficou preocupada", como é natural.
Para já, prepara-se a missão da 10.ª Força Nacional Destacada. A tenente, natural de Tavira e que, diariamente, atende doentes no Centro de Saúde Militar de Tancos, começou por explicar que é adjunta do chefe do módulo sanitário, da qual fazem parte outros dois médicos, três enfermeiros e três socorristas.
"Antes da partida, estamos a verificar se todos os elementos que vão partir para Bangui, capital da República Centro-Africana, estão em condições de saúde, ou seja, se têm a vacina contra a covid-19 e as outras vacinas. Já no teatro de operações, estarei preparada para qualquer situação que venha eventualmente a acontecer. Estarei na segunda linha do socorro, isto porque todos os militares têm formação de primeiros socorros", salientou.
prontidão avaliada
São muito semelhantes as razões que levam o tenente João Silveira, natural da Ilha Terceira, nos Açores, a ir em missão para a República Centro-Africana. Aos 33 anos, já não é um estreante. Regressará pela segunda vez à nação africana.
"É a minha segunda missão neste teatro de operações. Estive lá entre setembro de 2017 e março de 2018. Como militar e comando que sou, estou sempre pronto para contribuir para o meu país. Nesta missão serei oficial de ligação".
João Silveira recorda que a cultura e os hábitos da população são diferentes dos portugueses. "Fora da capital, existe muita pobreza, sendo a água e outros bens essenciais muito escassos". Nesta missão, que partirá no final de outubro, Beatriz e João integram um grupo de 180 militares, que substituíram outros tantos oficiais naquele país.
"A nossa ida está prevista para finais de outubro, sendo que estaremos a operar, no princípio de novembro, e ficaremos na República Centro-Africana até maio de 2022", conta o comandante da 10.ª Força Nacional Destacada Minusca, tenente-coronel Simões Pereira. Até depois de amanhã, Estremoz será palco do exercício de aprontamento
"Este exercício tem dois grandes objetivos"", salienta o comandante. "É um momento de treino da nossa força, tendo em vista a nossa projeção para a República Centro-Africana e também de certificação da mesma por parte da Inspeção-Geral do Exército. Só após o final do exercício e se cumprirmos os critérios de avaliação, seremos dados como prontos" para a missão.