A maioria dos fundos da "bazuca" é para ações de âmbito nacional, mas há iniciativas locais ligadas à Saúde, Ambiente ou Ação Social com verbas de centenas de milhões.
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As expansões das redes de metro de Lisboa e Porto são os dois maiores projetos locais ou regionais do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a "bazuca europeia" que destina pelo menos 16,6 mil milhões de euros a Portugal até 2026. Embora a esmagadora maioria dos projetos do PRR sejam nacionais, as candidaturas já aprovadas têm iniciativas de cariz local onde se incluem estradas, habitações, equipamentos de saúde ou reformas amigas do ambiente.
A expansão do Metropolitano de Lisboa - através do prolongamento da Linha Vermelha entre São Sebastião e Alcântara, com quatro novas estações - é o projeto de cariz local mais valioso do PRR. São 304 milhões de euros para esta obra, um pouco acima dos 299 milhões de euros que vai custar a segunda empreitada mais cara, a da expansão da linha de metro do Porto desde Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia, à Casa da Música, no Porto.
A lista de 139 projetos já aprovados no âmbito do PRR que constam do portal Mais Transparência mostra que cerca de 80% vão ser geridos pelo Estado e seus institutos públicos. São iniciativas de âmbito nacional, que acabam distribuídas pelo território, só que são geridas de forma centralizada ou ainda estão numa fase que não permite perceber quais são as regiões que vão beneficiar delas.
"Incluem-se no "Âmbito Nacional" os projetos não passíveis de regionalização ou aqueles que, em face do estádio de execução da medida, não são ainda passíveis de regionalização", esclareceu o gabinete do secretário de Estado do Planeamento, Eduardo Pinheiro, ao JN. É o caso do programa de reforma da habitação "1.º Direito", o maior projeto de âmbito nacional, ao qual o PRR destina 1,2 mil milhões de euros. É gerido pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), mas já fez protocolos com 170 câmaras municipais para comprar, construir ou reabilitar 26 mil casas em todo o país.
acabar estradas
Há, no entanto, outros projetos de cariz nacional cujos beneficiários regionais já se conhecem, como é o caso da conclusão dos troços inacabados na rede viária, os chamados "missing links", que têm 273 milhões de euros de verba e vão abranger a EN14, a EN4, o IC35, o IP2, a EN125, a EN211, a EN344, o IC2, a estrada Baião/Ponte da Ermida e o IP8 (na EN121, EN 259 e A26).
Entre as estradas financiadas estão também as que melhoram os acessos a parques empresariais. Os concelhos beneficiários dos 252 milhões de euros são Torres Vedras, Felgueiras, Castelo de Paiva, Campo Maior, Arruda dos Vinhos, Aljustrel, Celorico de Basto, Guimarães, Viana do Castelo, Viseu, Sátão, Ansião, Santo Tirso e Portalegre.
Ao nível dos projetos locais também há reforço da oferta de casas, com 130 milhões de euros para a Madeira e 60 milhões para os Açores, o equipamento dos hospitais do Seixal, Sintra e Lisboa Oriental (180 milhões de euros) o plano de eficiência hídrica do Algarve (143 milhões), a transição energética nos Açores (160 milhões), o aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato (120 milhões), a requalificação de património cultural (150 milhões) ou o financiamento de iniciativas em comunidades desfavorecidas de Lisboa e Porto (121 milhões e 500 mil euros para cada cidade).