Um agricultor de 32 anos de Formoselha, Montemor-o-Velho, partiu há duas semanas para o Luxemburgo, depois de a sua produção de framboesa ter sido toda destruída pelo furacão Leslie, a 13 de outubro. Tiago André arranjou trabalho na construção, para fazer frente aos elevados encargos mensais da sua empresa com fornecedores e a Banca.
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Tiago André partiu no início de novembro, deixando em Portugal a mulher e o filho de ano e meio. "Não temos capacidade financeira para fazer face às despesas sem os rendimentos da produção", revelou, fazendo contas aos encargos mensais: "O empréstimo bancário é de 1500 euros, o da aquisição da viatura são 350 euros, seguros de trabalho, ordenados, taxa social única, são mais 400 euros. E falamos de 150 euros por semana em adubos".
Em Portugal ficou Bruno, o irmão de Tiago. Estima que o "Leslie" tenha causado prejuízos de 150 mil euros. "Não houve alternativa para o meu irmão que não arranjar outro trabalho, e mais bem pago do que a média em Portugal. Falou com um amigo que também emigrou para o Luxemburgo e conseguiu", aponta.
Empresa recente
Os pedidos de ajuda já foram encaminhados para a plataforma disponibilizada pelo Ministério da Agricultura. No entanto, as demoras nas respostas e na atribuição dos apoios levam a que o jovem tenha de arranjar alternativas para os pagamentos em atraso.
Tiago André sublinha que "as ajudas que o Governo está a implementar são muito boas, mas para empresas que já estejam estabelecidas há muito tempo, não para uma que tem um ano e meio de produção e não tem capacidade de mais investimentos. Simplesmente, não se pode misturar tudo no mesmo saco", entende.
Apesar de a perda ter sido elevada, Tiago André admite que a situação seja temporária e ainda possa reativar o negócio. Este está, no entanto, dependente dos apoios que tiver. "Se as ajudas forem a 100% e me pagarem a perda de rendimentos da produção que estava a decorrer, sim, admito reativar o negócio", conta.
Terreno do avô
O empresário começou o negócio há cerca de dois anos, num terreno que era do avô (falecido recentemente), tendo começado com investimentos a seu cargo. Contraiu empréstimos bancários e obteve apoios através da candidatura ao PRODER 2020.
A destruição provocada pelo "Leslie" levou à perda total das estufas e da produção.