A Associação Académica de Coimbra (AAC) solicitou, esta quarta-feira, uma audiência ao primeiro-ministro e ao ministro da Ciência para falar sobre as propinas e acusou o Governo de dar um passo atrás e de fugir às responsabilidades.
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A direção-geral da AAC pediu uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa, e com o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, para uma "clarificação definitiva da política de propinas no ensino superior português".
A mais antiga associação estudantil do país acusa o ministro de se "esquivar" a dar uma resposta "definitiva, clara e inequívoca" sobre o tema, como a AAC tinha exigido ao Governo, na segunda-feira, em nota de imprensa.
Em reação a essa exigência da Academia de Coimbra, o ministro do Ensino Superior escusou-se, na terça-feira, a falar sobre o futuro das propinas, preferindo destacar a aposta do Governo em reduzir os custos da família com a formação académica.
Na carta que enviou ao Governo e a que a agência Lusa teve acesso, a Associação Académica de Coimbra considerou que o ministro, ao escusar-se a comentar o assunto, foge "a uma responsabilidade governativa".
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Os estudantes de Coimbra viram com desagrado e preocupação as declarações de Manuel Heitor, ao semanário "Expresso", no sábado, que referiu nunca ter defendido o fim das propinas no ensino superior e que essa seria uma medida "altamente populista".
Na carta enviada ao Governo, a AAC refere que Manuel Heitor tinha dado a esperança "de um novo consenso alargado em volta de uma visão inspirada no princípio da tendencial gratuitidade" do ensino superior, considerando a recente entrevista um "passo atrás nas declarações proferidas anteriormente" pelo governante, que abria a porta ao fim das propinas no prazo de uma década.
"Esse mesmo passo, na perspetiva dos estudantes de Coimbra, envolve a sua opção estratégica de desconsiderar os estudantes, num clima de incoerência que não se compreende. Pedimos, nessa sequência, uma resposta clara, definitiva e inequívoca em relação a esta temática", exigem os estudantes, que notam que já não caminham "isolados" nesta matéria, sentindo um "crescente apoio nas várias camadas da sociedade".
Na carta enviada a António Costa e Manuel Heitor, a AAC avisa ainda que a audição será "o momento para a derradeira oportunidade de esclarecimento" por parte do Governo. Depois, a AAC tomará "todas as iniciativas de luta necessárias para um novo rumo para a política educativa do Governo de Portugal".