Cerca de duas dezenas de estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) concentraram-se esta terça-feira à tarde à frente da escadaria da instituição contra a xenofobia e o racismo, exigindo que sejam tratados com respeito. O protesto foi convocado em reação aos alegados comentários xenófobos proferidos por um aluno contra colegas brasileiros.
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"Xenofobia é crime. Não pode ser admitida dentro de uma instituição universitária que preza pela multiculturalidade, que preza pela diversidade de ideias", afirmou, ao megafone, Carlos Diego, perante cerca de 20 colegas da FDUL que protestaram, esta tarde, em frente à insituição, na Cidade Universitária.
Erguendo cartazes com mensagens como "orgulho de ser brasileiro: diga não à xenofobia" e algumas bandeiras do Brasil, os estudantes exigiram ser tratados com respeito pela faculdade, lamentando que a associação académica ainda não tenha repudiado publicamente a situação mais recente de xenofobia na instituição. "Não à xenofobia", entoavam.
O caso remonta a uma reunião geral de alunos da FDUL, a 20 de abril, quando um estudante terá, alegadamente, proferido comentários xenófobos em relação aos colegas brasileiros quando se discutia uma carta que os alunos queriam entregar ao presidente do Brasil, Lula da Silva, durante a sua vinda a Portugal, a expor algumas das dificuldades sentidas em Portugal. Segundo a ata dessa reunião, um dos alunos terá dito que a carta tinha "vários erros" e "mentiras" em relação aos problemas dos alunos luso-brasileiros em Portugal e terá aludido ao apedrejamento dos colegas que escreveram a carta.
Os estudantes estão a fazer circular um manifesto que já reuniu até agora mais de 70 assinaturas. "A gente na verdade lançou este manifesto com a intenção de o direcionar como uma denúncia, e aí para vários órgãos, seja para o Ministério Público, seja para o Comitê de Combate ao Racismo, para a própria Faculdade de Direito", explicou, ao JN, Carlos Diego, um dos porta-vozes do protesto, acrescentando que criaram também um Comitê Popular de Estudantes para apoiar todos os colegas luso-brasileiros a estudar em Portugal. "A gente não tinha a intenção inicial de criar um comitê, mas percebemos que precisamos de uma representação corajosa, efetiva dos nossos direitos", advertiu.
Recorde-se que, confrontada com este caso de xenofobia, a FDUL abriu processo disciplinar ao aluno em causa. O núcleo feminista e os órgãos de gestão da FDUL já emitiram uma nota de repúdio ao caso.