Material obrigatório custa cerca de 200 euros por ano, segundo a Deco Proteste. A família Fialho, com cinco filhos, é exemplo de como resulta reutilizar e procurar os melhores preços.
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O regresso às aulas representa para as famílias um grande esforço financeiro. Em média, são gastos cerca de 200 euros, por aluno, todos os anos em material obrigatório, aponta a Deco Proteste. Destes cálculos ficam de fora outros encargos indiretos com a educação, tais como explicações, vestuário e calçado, material desportivo, tecnológico e musical.
Para a família Fialho, com cinco filhos, todos em anos escolares diferentes e um já no Ensino Superior, é uma altura desafiante, em que as despesas são “muito contadinhas, quase ao cêntimo”.
Na casa de Ester, educadora de infância, e de Sandro, militar, o novo ano letivo prepara-se cedo. No início das férias dos filhos esvazia-se tudo o que é malas e estojos para se riscar das listas o que já têm. A regra dos “3R’s” (reduzir, reutilizar e reciclar) está bem interiorizada por todos. “Só compramos o estritamente necessário”, explica a mãe, de 43 anos.
Esta organização tornou-se regra. Há uma estante comum para os cadernos de atividades e livros de leitura obrigatória que podem vir a passar de irmão para irmão e caixas com material em bom estado.
“Para famílias com crianças em idade escolar, os custos do material têm um peso significativo no ordenado. Muitas aproveitam os subsídios de férias”, observa Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que aconselha precisamente a um regresso às aulas planeado, de forma a verificar preços e aproveitar promoções.
Cadernos com valores altos
É certo que a gratuitidade dos manuais escolares, implementada em 2016 e alargada nos anos seguintes, tirou um grande peso das contas. Mas os cadernos de atividades, que chegam a “valores avultados”, são suportados pelos encarregados de educação, salienta a dirigente da Confap.
Mariana Ludovino, porta-voz da Deco Proteste, recomenda que se aguarde pela lista “enviada pelos professores no início do ano” e que se calculem os gastos, evitando ultrapassar “o valor máximo definido” pelo cálculo.
No caso da filha mais nova da família Fialho, a Gabriela, de sete anos, que passou para o 2.º ano no Colégio Militar, em Lisboa, a conta sairá mais cara. Só os manuais e livros de fichas rondam os 160 euros. Acrescem mais 57 euros em novos materiais, que Ester calculou com a ajuda de comparadores de preços.
“Por norma faço este trabalho na última semana de agosto para encontrar os valores mais em conta e irmos diretamente às superfícies, porque não temos tempo para andar de um lado para o outro. Além disso, a logística monetária também não nos permite comprar tudo no mesmo sítio”, observa Ester. Nesta “ginástica toda”, ainda têm em conta gastos com as mensalidades da atividade desportiva.
Mariana Carvalho, da Confap, lembra que os encarregados de educação podem sempre contar com as escolas, com as associações de pais e com os apoios atribuídos por algumas câmaras aos seus munícipes nesta altura do ano.
Defesa do consumidor propõe a dedução de todo o material
A Deco Proteste exige que todo o material escolar e serviços necessários à educação (como explicações, transportes e participações em congressos) sejam dedutíveis no IRS. A reivindicação já não é nova e a organização de defesa do consumidor continua a reiterá-la junto do Governo e grupos parlamentares para que a lei seja alterada e a medida contemplada na proposta do Orçamento do Estado para 2025, sublinha a porta-voz Mariana Ludovino. A presidente da Confap, Mariana Carvalho, aconselha a compra de materiais nas papelarias das escolas devido aos efeitos de IRS, mas também aos preços mais baixos.