O dia do Estudante celebra-se esta quinta-feira com diversas ações pelo país, como por exemplo a manifestação nacional em Lisboa e a assinatura de um protocolo para uma nova residência que vai ser gerida pela Federação Académica do Porto. Mais alojamento, bolsas e psicólogos são as principais reivindicações que, garantem os dirigentes académicos, exclui alunos do Ensino Superior e vão marcar a próxima legislatura.
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O Presidente da República vai presidir à cerimónia, no Porto, que formaliza a cedência de um edifício da câmara, na rua da Bainharia, à FAP para uma nova residência. Serão 20 quartos, alguns individuais outros duplos, consoante os pisos. Os projetos arquitetónicos foram feitos por estudantes da U. Porto. Neste momento, explicou ao JN a presidente da FAP, "falta o recheio". A intenção é abrir portas no próximo ano letivo, especialmente para estudantes deslocados, bolseiros, que não consigam vaga nas residências pelos serviços de Ação Social. A nova residência irá receber estudantes da universidade, politécnico e de instituições privadas. E os preços previstos serão "até ao limite do complemento para alojamento, que no caso do Porto, é de 260 euros por mês", explica Ana Gabriela Cabilhas.
"A falta de alojamento continua a ser entrava ao acesso e frequência no Ensino Superior", garante a presidente da FAP. Ana Gabriela Cabilhas defende a revisão dos Serviços de Ação Social que devem dar uma resposta "mais próxima dos estudantes. Ser mais proativos e menos paliativos". Por exemplo, aponta, através do reforço de psicólogos. "A saúde mental é uma preocupação", afirma. Um estudo da FAP conclui que "80% dos estudantes aumentaram os sintomas de ansiedade e depressão e que destes menos de metade tiveram acesso a uma resposta em tempo útil".
Manifestação em Lisboa
O apelo foi lançado pela associação de estudantes da Faculdade de Ciências, Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e foi correspondido por 13 associações não só de Lisboa mas também de outros pontos do país como Porto, Minho ou Caldas da Rainha. O protesto está agendado para amanhã, a concentração será no Rossio, às 14 e 30 horas, e a manifestação dirige-se à Assembleia da República.
São três as "bandeiras" que unem os estudantes, explica José Pinho: a gratuitidade do ensino e o fim das propinas, o reforço da Ação Social e a necessidade de mais alojamento pois o plano nacional "está muito longe de ser cumprido". O dirigente da FCSH defende que a pandemia agravou a crise económica e problemas, como o alojamento, que se arrastam há muito. "As famílias perderam capacidade financeira e o abandono aumentou consideravelmente", garante.
A Associação Académica do Minho, através da associação de estudantes da Faculdade de Direito, é uma das que aderiu à manifestação e vai deslocar-se a Lisboa. Os alunos de Direito estão contra a proposta da Ordem dos Advogados que pretende impor como requisito de acesso à profissão o mestrado como formação mínima. "Isso nunca aconteceu e significa formação de seis anos e dinheiro que muitos estudantes não têm", argumenta Gabriela Soares Lemos.
A subida exponencial das propinas de mestrado em algumas instituições é aliás outro problema que carece de resolução, defendem os três dirigentes. Ana Gabriela Cabilhas considera "urgente" que a proposta do Orçamento do Estado para 2022 mantenha a intenção do diploma que foi chumbado de reforço do valor das bolsas para o 2.º ciclo, "até ao limite do atribuído pela Fundação da Ciência e Tecnologia: 2750 euros".
Secundário pede obras e psicólogos
Tal como no Superior, estão agendadas diversas ações no Básico e Secundário para celebrar o Dia do Estudante. O "movimento voz aos estudantes" junta dezenas de escolas que responderam ao apelo feito pela associação da secundária de São Lourenço (Portalegre). Entre os principais problemas que carecem de resolução urgente, destacam-se a falta de realização de obras nos estabelecimentos, de assistentes operacionais e de psicólogos, aponta João Vicente Portalete. O fim dos exames é outra reivindicação, que de justifica agora pelo impacto do ensino à distância e por um plano de recuperação das aprendizagens que muitos estudantes "não dão conta". "Salta-se matéria e fica por dar", garante o dirigente.