Jovens vão ter de construir casas, obter energia limpa, encontrar soluções de mobilidade e responder aos desafios de saúde de viver num ambiente extremo.
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O Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA) junta, entre esta sexta-feira e o dia 8 de agosto, um grupo de 29 estudantes, do ensino superior e secundário, de Portugal e do Brasil, nas suas instalações, em Matosinhos, para simular uma missão na Lua - é a 6ª edição do“Sustainable Living Innovaters” (SLI, inovadores para uma vida sustentável, numa tradução livre). Este grupo de jovens - “os melhores dos melhores”, nas palavras de Emir Sirage, diretor executivo da New Space Portugal - vão pensar em todos os detalhes que envolveria a criação de uma comunidade na Lua.
À partida poderia pensar-se que o SLI seria um programa apenas para estudantes de áreas tecnológicas, futuros engenheiros, físicos, químicos e astrónomos. Mas não é assim. A ambição do programa do CEiiA é criar os futuros líderes na área do aeroespacial e vão ser necessárias competências a vários níveis. Quando o desafio é construir uma comunidade sustentável a longo prazo na Lua, “é preciso pensar, por exemplo, nas normas e para isso precisamos de juristas”, refere Emir Sirage, que além de liderar a agenda que pretende colocar Portugal na vanguarda do setor espacial, também é um dos ativadores do SLI.
Esta 6ª edição é a primeira internacional, com alunos brasileiros a juntarem-se ao programa. “Os quatro desafios a que os jovens vão procurar responder são: construção; mobilidade; obtenção de energia limpa; e saúde em ambiente extremo”, adianta Emir Sirage. A alunagem virtual será na Cratera de Faustini, no polo sul do satélite da Terra. “ A escolha deste ponto, que nunca é iluminado pelo Sol, está relacionada com a presença de água sob a forma de gelo”, refere Emir Sirage.
A multiplicidade dos problemas colocados por esta missão justifica a diversidade dos parceiros (são mais de 20) que se associaram “e que também querem aprender com esta experiência”, esclarece Emir Sirage. “O Grupo Casais estará interessado nas soluções construtivas, a Morais Leitão estará mais focada nas questões da regulamentação para o espaço, por exemplo”, aponta.
A missão está ligada a três academias portuguesas: Universidade do Minho, através da eletrónica, Instituto Superior Técnico, contribuindo com a robótica e Instituto Superior de Agronomia, ajudando com o processo de embalagem dos alimentos. A missão começa hoje e no dia 8 de agosto deverá saber-se se foi bem sucedida. Pelo caminho, no dia 20, os participantes vão comemorar o “Moon Day” (Dia da Lua), em que se assinala o aniversário da primeira alunagem, pelos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, da missão Apollo 11, em 1969.
Setor de futuro
“O espaço é um setor de negócio e também para Portugal”, refere Emir Sirage e dá o exemplo da componente nacional da “Constelação do Atlântico”, um conjunto de 16 satélites de observação da Terra, cujo desenvolvimento, construção, lançamento e operação envolve o CeiiA e a Geosat, entre outras empresas e instituições portuguesas. “Vai haver emprego e criação de riqueza neste setor”, assegura. Os jovens estão motivados para esta área como provam as mais de 300 inscrições para as 29 vagas da missão.