"O problema da Europa não é que foi longe demais, mas não ir longe o suficiente na mutualização", ou seja, da partilha de recursos e responsabilidades, considera Durão Barroso.
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O antigo presidente da Comissão Europeia saiu em defesa do projeto europeu, dizendo ser "indispensável uma maior integração entre os países" da União, "com alguma flexibilidade" para com os países que queriam seguir um ritmo diferente de integração, afirmou. Deu como exemplo o facto de a Europa não ter um único sistema de informações e segurança, ao contrário de países como os Estados Unidos, algo indispensável para combater o terrorismo, que é "uma ameaça transnacional". Por isso, defendeu o reforço da mutualização europeia.
Essa maior mutualização será necessária para lidar com os problemas com que o espaço europeu se defronta, como as crises financeiras, os refugiados ou os partidos extremistas, e a liderá-la devem estar os partidos do centro político. "Não vai ser fácil, os ventos estão de feição para populismos. Precisamos que forças políticas responsáveis, em que o Centro não apareça com uma posição mole", avisou, ao início da tarde deste sábado, no Palácio da Bolsa do Porto, numa conferência sobre os 30 anos de Portugal na Europa.
Durão Barroso elogiou também o papel de Pedro Passos Coelho durante os anos do resgate financeiro. "O país deve muito ao PSD e ao dr. Passos Coelho, foram anos muito difíceis", em que Portugal "estava na situação da bola de ténis" do filme Match Point de Woody Allen: "ou caía do lado da Irlanda ou da Grécia". O filme acabou com Portugal a conseguir uma "saída limpa" do resgate. "O PSD e Pedro Passos Coelho conseguiram o que, na altura, muitos diziam não ser possível".