Dezenas de ex-combatentes do Ultramar estiveram, este sábado, no Porto em protesto e exigiram direitos iguais para todos os antigos militares e esposas e passes nacionais gratuitos. Se não forem recebidos pelo Governo até ao dia 24 de abril, avançarão para uma greve de fome à porta do Palácio de Belém.
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Vindos de várias regiões do país, escolheram a Praça de Carlos Alberto, no Porto, junto à estátua do soldado desconhecido, porque consideram “também ser desconhecidos pelos governos após o 25 de Abril de 1974 e desprezados pela pátria madrasta”. Se o Governo nada fizer até ao próximo dia 24, os ex-militares farão greve de fome, à porta do Palácio de Belém.
Os antigos combatentes dão voz às “injustiças” que que têm sofrido, por exemplo, a nível dos transportes, sobretudo, “quem vive nas regiões mais interiores”, “não tem direito a passe gratuito para utilizar no seu dia-a-dia como os que vivem nos grandes centros urbanos do Porto e de Lisboa”. E reclamam, também, um “passe nacional” para todas as esposas, que “tanto lutaram e sofreram nestes 50 anos, junto com os seus maridos”, ex-militares.
Apoio mensal de 100 euros
Uma das exigências dos manifestantes é o acesso gratuito a cuidados de saúde e apoio psicológico nos hospitais militares, assim como a comparticipação total da medicação para tratar problemas psicológicos.
Na lista de reivindicações, inclui-se, ainda, a revisão e a reformulação do decreto-lei 46/2020 que aprovou o Estatuto do Antigo Combatente, do qual discordam em vários aspetos, em particular a não inclusão dos combatentes de Timor.
“Queremos que os ex-combatentes sejam reconhecidos pela pátria e que nós e as viúvas dos combatentes recebamos um complemento digno mensal de 100 euros, isento do IRS”, exige António Silva, presidente do Movimento Pró-Dignidade ao Estatuto do Combatente da Guerra Colonial, assinalando que há antigos combatentes à espera há 50 anos pelas medalhas de campanha. Em Portugal, vivem 387 mil ex-militares de Ultramar.
“Se até ao dia 24 de abril nenhum dos secretários de Estado do Ministério da Defesa Nacional demonstrar interesse em reunir connosco, vamos iniciar uma greve de fome à porta do Palácio de Belém e estaremos lá até que o presidente Marcelo tome uma posição a respeito da nossa luta”, frisou António Silva. Para já, estão previstas mais 12 manifestações pelo país.