Mulher pretende afastá-lo da criança porque teme que seja vítima de "abusos sexuais", tal como ela afirma ter sido quando tinha 12 anos.
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O ex-padre Heitor Antunes disse, ao JN, que não quer alimentar polémicas sobre o processo de regulação do poder parental que está a ser dirimido em tribunal com a mulher com quem teve uma filha, quando ainda era sacerdote em Vila Real. A mulher é a mesma que o acusa de abusos sexuais quando esta tinha 12 anos, mas que depois manteve com ele uma relação amorosa que durou quase uma década, fruto da qual nasceu uma menina quando aquela tinha 23 anos.
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Heitor Antunes assumiu a paternidade da menina nascida faz este mês oito anos, e manteve-se padre. Após um período de trabalho no Canadá e regressado a Vila Real, em 2019, abandonou o sacerdócio, antes de concluído o processo canónico que a diocese vila-realense lhe moveu pelos alegados abusos de que era suspeito. Atualmente, é diretor técnico num lar do concelho.
O tribunal determinou que Heitor pode ver a filha, mas este quer guarda partilhada. Ana (nome fictício) opõe-se. "Tenho medo que lhe faça o mesmo que começou por me fazer a mim, porque não tem laços afetivos nem emocionais com a filha", disse Ana ao JN.
Apesar do eventual crime de abusos sexuais cometido por Heitor, há 20 anos, já ter prescrito, Ana, agora com 32, quer que seja investigado para que "a verdade venha ao de cima". "Ele continua a negar a história, mas eu sei aquilo que vivi." E se legalmente ainda for possível, poderá "apresentar uma queixa" formal. Para já, pediu em tribunal uma "perícia psiquiátrica e psicológica" a Heitor.
O antigo padre disse, ao JN, que tudo não passa de "uma vingança" de Ana. Por os alegados abusos sexuais "não terem sido provados" e porque pediu em tribunal para "exercer o direito ao poder paternal".
"O caso está a ser investigado"
"É público que o caso está a ser investigado pela Comissão Independente [dos abusos sexuais na Igreja]", disse ontem o bispo do Porto, Manuel Linda, após ser acusado de desvalorizar o caso. Linda foi abordado por "Ana" quando esta tinha 13 ou 14 anos e era sua aluna de Moral. "Não me consigo recordar minimamente", alegou o bispo, ao JN, anteontem.