Um novo estudo sobre o mercado televisivo revela que, se um programa for chefiado por uma mulher, são dadas mais oportunidades a outras mulheres para trabalhar.
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Os resultados são claros: se uma mulher estiver na direção de um programa, a probabilidade de serem admitidas editoras, argumentistas, realizadoras e atrizes é muito maior do que se fosse um homem a ter o poder de decisão. Isto segundo uma pesquisa levada a cabo por Martha Lauzen, do Centro para o Estudo das Mulheres em Televisão e Cinema, da Universidade de São Diego.
"As conclusões sugerem que os criadores e produtores executivos de um programa desempenham um papel fundamental na mudança de dinâmicas de género, tanto no ecrã como entre outros indíviduos a trabalhar atrás das câmaras. Por exemplo", especifica a investigadora, "em programas que tenham, pelo menos, uma mulher como criadora, 50% dos argumentistas são mulheres. Em programas sem mulheres na chefia, só 15% dos argumentistas são mulheres".
O estudo mostrou, também, que durante a temporada televisiva 2014/2015, 43% das personagens principais foram entregues a mulheres quando outras representantes do mesmo sexo estiveram encarregues da produção. Em contraste, quando um homem ocupou o cargo de produtor executivo, essa percentagem reduziu para 37%. No que diz respeito a editoras, as mesmas variáveis assumem os valores de 25%, quando uma mulher é líder, e de apenas 13%, quando é um homem a chefiar.
Um bom exemplo dessa correlação é a série Scandal, criada por Shonda Rhimes que é, desde já, uma das mais acérrimas defensoras da dominância feminina na TV. A produtora faz mesmo questão de entregar os papéis principais das suas tramas a mulheres com fortes personalidades - neste caso, a Kerry Washington (ou a Ellen Pompeo, em Anatomia de Grey) - e mostrou-se especialmente compreensiva quando a protagonista anunciou a sua gravidez, que podia vir a interferir com as gravações. "Quando eu contei à minha chefe [Shonda Rhimes] que estava grávida, ela pôs-se aos saltos, literalmente, na minha caravana. Não sei se algum produtor do sexo masculino faria isso", sublinhou a atriz, numa entrevista.
Em termos gerais, a investigação de Laurez concluiu que a indústria televisiva empregra 23% de mulheres produtoras, 25% de argumentistas, 12% de realizadoras e 20% de editoras, sendo que a maior parte desses números sofreram declínios, comparativamente a anos anteriores.