O cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) às eleições europeias considera que a exoneração de Ana Jorge da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está mal explicada. "Se foi apenas por falta de confiança política, estamos perante aquilo que já alguém chamou de saneamento", afirmou Cotrim Figueiredo.
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João Cotrim Figueiredo considera que existiu uma partidarização do aparelho do Estado durante o anterior Governo liderado por António Costa e que casos como a saída de Fernando Araújo, da Direção executiva do SNS e de Ana Jorge, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o comprovam, afirmou, em entrevista ao jornal "Público".
"Sabemos insuficientemente o que esteve exatamente em causa que justifica esta exoneração. E se foi apenas por falta de confiança política, estamos perante aquilo que já alguém chamou de saneamento, acho a palavra um pouco excessiva, mas percebo, um saneamento político com o qual a Inicativa Liberal nunca estará de acordo", garantiu.
Relembrando que Ana Jorge estava há pouco tempo a liderar a instituição, o antigo presidente da IL fez questão de explicar que foi a pedido da mesma que foi feita uma auditoria. "Foi no mandato desta presidente, Ana Jorge, que se encomendou a auditoria e que se denunciaram as graves decisões, com os graves impactos, à volta do projecto da Santa Casa Global e da internacionalização dos jogos. E, portanto, eu não gosto de ver as pessoas que acabaram por denunciar situações a serem as primeiras vítimas dessas mesmas situações", considerou.
Gestão ruinosa
O Governo exonerou a provedora e os elementos da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e justificou a decisão com "atuações gravemente negligentes" que afetaram a gestão da instituição.
Por sua vez, Ana Jorge acusou o Governo de a ter exonerado de "forma rude, sobranceira e caluniosa".
Ana Jorge tomou posse a 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.