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As explicações de Luís Montenegro sobre a empresa familiar Spinumviva não foram suficientes para 59% dos inquiridos pelo barómetro da Pitagórica para o JN, TSF, O Jogo, TVI e CNN. Até entre os eleitores da Aliança Democrática há 42% que querem mais esclarecimentos do primeiro-ministro.
A comunicação do primeiro-ministro sobre a Spinumviva, a 1 de março, sem direito a perguntas dos jornalistas, adensou ainda mais as dúvidas sobre o caso da empresa familiar. Até à comunicação, havia 44% de inquiridos que achavam que as explicações eram insuficientes, mas a percentagem aumentou para 59% depois do primeiro-ministro ter tentado esclarecer o assunto. Aliás, depois da tentativa de esclarecimento, a percentagem de inquiridos satisfeitos com as explicações também baixou, de 41% para 36%, perto de um terço do total.
A julgar pelo barómetro da Pitagórica, o primeiro-ministro sai ligeiramente manchado com o caso. Primeiro, a maioria (55%) até aceita que a empresa tenha atividade privada e quase metade (49%) acredita que a sociedade não foi criada para que o primeiro-ministro tivesse benefícios quando fosse para o Governo, contra 32% que acham que sim. Também há 59% que acham que a transmissão da quota para os filhos é suficiente, contra 36% que acham que devia fechar a empresa.
No entanto, o cenário para Montenegro já não é tão favorável quando se questiona se o primeiro-ministro cometeu algum crime ou falha ética, pois 43% dizem que sim e 39% que não. Entre os eleitores da AD, a maioria (60%) não aponta falhas legais ou éticas à conduta do primeiro-ministro, mas há 24% que acham que houve.
Além disso, 59% dos inquiridos entendem que a atividade dos clientes da empresa pode vir a ser favorecida pelo primeiro-ministro, contra 33% que defende que não. Quanto ao argumento de Luís Montenegro de que as investigações criminais e jornalísticas à Spinumviva apenas pretendem paralisar a atividade do Governo, 40% discordam e 37% concordam.
Ainda assim, a estratégia política do primeiro-ministro parece ser do agrado dos inquiridos, uma vez que 54% afirmam concordar com o ultimato feito pelo primeiro-ministro à Oposição, exigindo condições para continuar no Executivo. Em sentido inverso, há 30% que não concordaram com o ultimato.
Até no PS, o principal partido da Oposição, há mais gente a concordar com o ultimato (43%) do que a discordar (39%).
Ventura tapou casos
O motivo da apresentação da moção de censura do Chega foi, para 61% dos inquiridos, uma estratégia de André Ventura para fugir aos casos que atingem aquele partido, como o do roubo das malas por parte de Miguel Arruda. A conclusão está presente na maioria dos eleitores de todos os partidos, exceto nos do Chega, onde só 27% acha que foi esse o motivo.
A moção de censura do Chega não serviu para os inquiridos melhorarem a opinião que tinham de André Ventura, pois 63% diz que a manteve e só 5% ficaram com melhor impressão do líder do Chega. A moção de censura até fez com que 29% tivessem ficado com pior opinião de André Ventura.
Ficha técnica
As sondagens de opinião foram realizadas pela Pitagórica para o JN, CNN, TVI, TSF e O Jogo, sobre temas da atualidade nacional. Universo: eleitores recenseados em Portugal, de ambos os sexos e com 18 ou mais anos: 9 260 214 eleitores. A Pitagórica utilizou neste estudo a recolha dos dados através de entrevista telefónica, suportada por um sistema CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing, com validação automática e em sistema Auto Dial. Utilizou-se uma amostragem não probabilística cumprindo-se quotas por sexo, idade e distrito. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de telemóvel mantendo a proporção dos três principais operadores. A primeira sondagem, realizada entre os dias 23 a 27 de fevereiro, representa uma amostra obtida de 400 indivíduos; este valor traduz um grau de confiança de 95,5%, com uma margem de erro de ± 5,00%. Na segunda sondagem, realizada entre os dias 3 e 6 de março, a amostra obtida foi de 625 indivíduos; este valor traduz para um grau de confiança de 95,5%, com uma margem de erro de ± 4,00%. Responsabilidade do estudo e direção técnica de Rita Marques da Silva.