Fábrica do supercarro português vai nascer em Matosinhos e contratar 100 trabalhadores

Um ano após o lançamento do primeiro supercarro português, o Adamastor Fúria vai finalmente começar a ser produzido, com o objetivo de entregar as primeiras unidades no primeiro semestre do próximo ano. O “laboratório” onde foi criado e desenvolvido o desportivo de luxo, em Perafita, Matosinhos, vai transformar-se numa fábrica para contratar mais de 100 trabalhadores, até ao final de 2026. Com oito automóveis de 1,6 milhões de euros vendidos e 12 reservados, a empresa quer crescer e já está a pensar em novos modelos para lançar nos próximos dois anos.

“Um balanço mais positivo seria impossível. Estamos muito satisfeitos com tudo o que tem acontecido. Desde a apresentação, nós continuámos o processo de desenvolvimento, temos estado a fazer testes dinâmicos com o carro e os resultados superam sempre as nossas expectativas”, assegura Ricardo Quintas, CEO da Adamastor, assumindo que “não quer ficar pelo Fúria”. Criada em 2010 com o propósito de ser um centro tecnológico de referência, juntando o mundo empresarial e a Academia, a Adamastor tem trabalhado, em simultâneo, em novas soluções “para apresentar ao mercado mais carros interessantes que façam brilhar os olhos dos colecionadores e amantes de automóveis”.

Para acelerar rumo às metas definidas, o armazém de seis mil metros quadrados, onde trabalham 18 profissionais, vai ser convertido numa fábrica, com a ambição de produzir 20 unidades por ano. “Até ao final de 2026, contamos que a equipa aumente para cerca de 130 colaboradores”, assegura.

Performance superior

Ao longo dos últimos meses, a equipa dedicou-se à investigação, realizou testes de “fiabilidade, performance e validação de todo o cálculo do projeto” apresentado em maio de 2024 e potencializou as características do supercarro. “Estamos sempre à procura de otimizações, quer na parte do arrefecimento e potência do motor, como na redução de peso, pormenores que sabemos que o nosso cliente alvo valoriza”, aponta Frederico Ribeiro, diretor de Engenharia, revelando que as melhorias realizadas permitiram aumentar aspetos como a potência, a aceleração e a velocidade máxima.

Feito em fibra de carbono, o revestimento do Fúria é fabricado em Matosinhos, “utilizando os mesmos materiais, processos e métodos de estudo utilizados pelas equipas de Fórmula 1”. “Queremos ombrear com os melhores do mercado, e para isso, temos de utilizar as mesmas tecnologias”, justifica o sócio da Adamastor.

Vendas no estrangeiro

Apontando aos donos de equipas de competição, colecionadores e amantes de automóveis, a Adamastor já tem destino para um terço das 60 unidades do Fúria que vai produzir. Há oito desportivos vendidos, para clientes do Sul e Norte da Europa (como o Reino Unido), Canadá e Emirados Árabes Unidos e 12 estão já reservados.

O carro de competição homologado para estrada nasceu graças ao investimento privado e não teve qualquer apoio público, apesar de ter concorrido a vários fundos europeus. “Estar aqui hoje é estar a meio do caminho. O projeto Adamastor ainda tem muito para andar, quer na sua vertente industrial, como de mensagem. A principal mensagem é que em Portugal pode-se fazer tudo, basta ter coragem”, afirma Ricardo Quintas.

Características do supercarro

1,6 milhões de euros
O Adamastor Fúria, reservado a 60 unidades, tem um preço de 1,6 milhões de euros, sem impostos. Segundo Ricardo Quintas, o valor está muito abaixo para as características, de acordo com o feedback que já teve de vários clientes.

Motor e potência
O motor a gasolina de seis cilindros em V, biturbo, de origem Ford Performance, tem uma potência máxima de 650 cavalos.

Velocidade e aceleração
O Fúria foi apresentado com uma velocidade máxima de 300 km/hora e com aceleração dos 0 aos 100 quilómetros em cerca de 3,5 segundos. 

Dimensões
Com um chassis em fibra de carbono, o carro de dois lugares tem 4,6 metros de comprimento, 2,2 metros de largura, 1,1 metros de altura e 2,8 de distância entre eixos. Pesa 1050 quilos.