A empresa re.store, com sede em Amares - que tem, entre outros clientes, marcas como o SL Benfica, a SIC ou o Bankinter - já evitou que mais de cinco toneladas de tecidos acabassem incinerados, através da reutilização de materiais. A par disto tem uma forte vertente social, ao dar trabalho a pessoas com fragilidades.
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A economista e marketeer Sílvia Correia já levava muitos anos a trabalhar com grandes empresas têxteis quando, em 2019, teve uma epifania ao observar uma operação de corte de lençóis.
"Formavam-se quadrados de tecido perfeitos que eram mandados para incineração", lembra. Aí começou a nascer a ideia que deu origem à re.store: uma empresa que promove a economia circular produzindo diversos artigos - almofadas, sacos, bolsas variadas, aventais, envelopes, postais, entre outros - a partir de resíduos.
Além disso, o projeto engloba uma componente de responsabilidade social, uma vez que as pessoas que manufaturam os produtos têm fragilidades: deficientes, refugiados, mães solteiras com filhos deficientes ou pessoas idosas com demências.
Fazer sacos a partir de resíduos da indústria têxtil, embora fosse um bom ponto de partida, não era ainda um modelo de negócio
A ideia ganhou tração quando, depois do episódio dos lençóis, a fundadora foi à Heimtextil, uma das maiores feiras mundiais do setor. "Falava-se muito na redução do plástico nos sacos e eu pensei: "estamos alinhados".
"Contudo, fazer sacos a partir de resíduos da indústria têxtil, embora fosse um bom ponto de partida, não era ainda um modelo de negócio. Para colocar no mercado um produto realmente amigo do ambiente, as alças dos sacos são feitas em algodão orgânico, as etiquetas da marca são feitas com fios de poliéster reciclados, o papel é obtido a partir de sobras de processos de impressão da indústria têxtil.
"Queria que este negócio também fosse socialmente responsável, para isso foi preciso encontrar uma rede de parceiros, instituições, associações, causas, mas também pessoas individuais que trazem valor para o projeto e são remuneradas pelo seu trabalho", conta.
Falta figura legal da empresa de inovação social
É o caso do projeto I9 da CERCIGUI, em Guimarães, onde pessoas com deficiência que não estão enquadradas em outros projetos sociais encontram uma oportunidade de participar no fabrico dos produtos da re.store, ou das mulheres migrantes do Centro Padre Alves Correia, em Lisboa. "Porém, não têm de ser só instituições. Temos na nossa equipa uma mãe ucraniana, com um filho com deficiência", aponta.
A re.store - que conta com clientes como o SL Benfica, a SIC ou o Bankinter - tem sido bem recebida pelo mercado e já distribuiu mais de 50 mil euros pelos seus parceiros sociais e reaproveitou 5,1 toneladas de tecido. Todavia, Sílvia Correia queixa-se da falta da figura legal da empresa de inovação social, que permitiria o reconhecimento a nível fiscal do contributo destas iniciativas.