Durante uma hora e por várias vezes, o séquito papal não conseguia ser mais forte que a curiosidade provocada pela sonora multidão de jovens, concentrada na rua Latino Coelho, e lá ia espreitando timidamente pelas janelas da Nunciatura Apostólica.
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Cá em baixo, o mesmo mar de tshirts azuis - com "Acredito" em letras garrafais -, que percorreu meia Lisboa ao longo do dia, ecoava cânticos religiosos e vivas ao Papa, sob o comando de um megafone. Até guitarradas e fado disseram 'presente'.
Outra alternativa não teve Bento XVI, cerca das 21.30 horas, que se dirigir à varanda do edifício onde pernoitou para, além de um emocionado agradecimento àquela serenata, deixar um recado claro: "viestes desejar-me a boa noite, e de coração vos-lo agradeço; mas agora tendes de deixar dormir, senão a noite não seria boa, e o dia de amanhã está à nossa espera".
"Obrigado pelo testemunho jubiloso que prestais a Cristo, eternamente jovem, e pelo carinho que manifestais ao seu pobre Vigário na terra com esta serenata", disse o sucessor de São Pedro, assumindo-se sensibilizado coma "participação viva e numerosa dos jovens na Eucaristia desta tarde [de ontem] no Terreiro do Paço".
Alento suficiente para que do megafone passassem a sair palavras bem diferentes. "O Santo Padre quer dormir, vamos embora", ouvia-se. Porém, sem força para que a desmobilização tivesse sido imediata. Até porque ainda muita gente rumava do Terreiro do Paço à Nunciatura, como a maioria dos jovens, oriundos do Colégio de São Tomás, mostravam ter um grande repertório e bem ensaiado. "Por mim ficava aqui toda a noite", admitiu Joana Carvalho, pendurada num parquímetro.