Luís Valente de Oliveira e Ricardo Rio participaram em conferência sobre os 40 anos do tratado de adesão de Portugal à CEE.
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A importância de os cidadãos conhecerem o papel fundamental desempenhado pelos fundos europeus no desenvolvimento de Portugal ao longo das últimas décadas foi um ponto-chave realçado esta quinta-feira pelo ex-ministro Luís Valente de Oliveira e pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, numa conferência realizada a propósito dos 40 anos da assinatura do tratado da adesão portuguesa à então Comunidade Económica Europeia (CEE). Ambos defenderam que é necessário aproximar a população da União Europeia (UE), desde logo aumentando o conhecimento sobre o seu funcionamento e os seus protagonistas.
No arranque da conferência “40 anos da Assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE”, realizada no café A Brasileira, no centro de Braga, com organização da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte, em parceria com o JN e a TSF, Valente de Oliveira disse que a entrada de Portugal na então CEE pretendeu, acima de tudo, “ancorar” o país à Europa. Num Portugal que “estava muito atrasado”, os fundos europeus permitiram passar de 66 quilómetros de autoestrada para mais de três mil.
“Fazia reuniões mensais com autarcas e já sabia o que iam pedir: mais acessibilidades, mais estradas, mais ligações”, afirmou o antigo político, que, entre várias funções, foi ministro do Planeamento nos governos de Cavaco Silva. Valente de Oliveira apontou também áreas como a água, o saneamento básico, a recolha e tratamento de lixo e a criação de equipamentos como investimentos que beneficiaram de verbas provenientes da Europa.
Problema transversal
Questionado sobre um dos membros da assistência acerca da elevada abstenção nas eleições europeias, Luís Valente de Oliveira disse que há um problema de “educação cívica”, sobretudo dos jovens, que devem ser impelidos a ter uma participação mais ativa. Ora, na perspetiva do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, o “distanciamento excessivo dos cidadãos em relação ao projeto europeu, às instâncias europeias e aos protagonistas europeus” é um “problema transversal” à população – independentemente da idade – e um dos “grandes desafios” atuais. “É algo que a Europa nunca conseguiu ultrapassar”, sublinhou o autarca bracarense.
Para Ricardo Rio, “as pessoas não têm verdadeira consciência do impacto da Europa nas suas vidas”. “Tudo aconteceu demasiado depressa, as pessoas dão tudo como garantido e passamos rapidamente para a exigência seguinte. Hoje, estamos inquestionavelmente muito melhor do que alguma vez estivemos em todos os níveis de desenvolvimento”, vincou, reiterando a ideia de que os “protagonistas” da União Europeia “não conseguiram criar esta ponte com os cidadãos para demonstrar os benefícios que o projeto europeu tem”. Para o combater, segundo Rio, é necessário maior proximidade e diálogo com os cidadãos.