Falta de dermatologistas leva IPO a adiar consulta a doente com 90 anos para 2021
Por falta de dermatologistas, o IPO de Lisboa adiou para janeiro de 2021 uma consulta a um doente com 90 anos. O caso não era prioritário e foi dada alternativa de tratamento noutro hospital, garante instituição que, entretanto, remarcou consulta.
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A carta que comprova o adiamento da consulta foi publicada na passada segunda-feira no Facebook pela filha do doente e data de 8 de novembro.
"Informamos que a consulta de primeira DERM marcada para o dia 20/01/2020 às 14 horas, foi alterada para o dia 04/01/2021 às 14:30 horas no Pavilhão Escola Superior de Enfermagem - Piso 02", pode ler-se na missiva dirigida a Abílio Mendes.
No "post" que acompanha a imagem, a filha explica que a consulta já estava marcada "há largos meses" e que o pai tem 90 anos, classificando o adiamento de "inadmissível e desumano".
www.facebook.com/paula.mendes.90260/posts/10212197199925410
Contactado pelo JN, o IPO de Lisboa confirmou o adiamento da consulta de prioridade normal para janeiro de 2021, mas garantiu que juntamente com a carta enviada ao doente seguiu outra a explicar os constrangimentos na marcação de consultas e a dar uma alternativa de tratamento noutra unidade de saúde.
Entretanto, num comunicado de imprensa divulgado ao inicio da tarde desta quinta-feira, o IPO de Lisboa informa que face ao alarme social gerado em volta deste caso decidiu "antecipar a consulta e, assim, esclarecer cabalmente a situação com o próprio doente e a sua família".
Veja o comunicado do IPO de Lisboa
O doente foi referenciado para o IPO de Lisboa pelo centro de saúde e classificado com a prioridade normal.
Numa primeira fase, o IPO acolheu o pedido de consulta, mas face ao volume de trabalho e falta de especialistas, acabou por adiá-la.
Para estes casos, e por causa dos constrangimentos na marcação de consultas, o IPO de Lisboa celebrou um acordo com o Hospital dos Capuchos (Centro Hospitalar Lisboa Central). É para lá que são enviados os casos não oncológicos e não prioritários de dermatologia.
O JN sabe que o IPO de Lisboa está com muitas dificuldades na resposta em Dermatologia por falta de médicos.
Em resposta ao JN, o diretor clínico do IPO de Lisboa, João Freire, referiu que no serviço trabalham atualmente "a diretora de serviço, duas médicas a tempo parcial (modalidade em que se conseguiu a contratação) e uma assistente hospitalar que entrou recentemente, com contrato de 40 horas, mas que só ficará até final do ano".
A unidade recebe em média 2500 novos doentes por ano em Dermatologia e não consegue contratar novos médicos.
"É uma especialidade difícil de contratar para o SNS devido à oferta de atividade no setor privado e que no IPO tem uma atividade muito específica. O número de vagas carenciadas é limitado e não nos tem sido permitida a contratação fora desse âmbito, nem por prestação de serviço", esclareceu ainda o diretor clínico.
O JN tentou contactar a filha do doente, mas até ao momento ainda não foi possível estabelecer contacto.