Falta de dragagens em Vila Praia de Âncora "atrasa" vida dos pescadores
Assoreamento reduz "30 a 40%" o número de marés de pesca. Associação reclama “suspensão imediata” do pagamento dos armazéns de aprestos e bancas do mercado de 2.ª venda.
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Os pescadores de Vila Praia de Âncora, em Caminha, estão revoltados com a não realização da operação de dragagem, que estava prevista para este ano, da barra e do canal de navegação do porto de pesca local. Queixam-se que a acumulação de areia dificulta a entrada e saída de embarcações e está a reduzir o número de marés em que podem trabalhar. Uma situação que, afirmam, tende a agravar-se no outono e no inverno. Reclamam, por isso, “medidas de mitigação” do impacto económico na atividade, causado pelo assoreamento crónico do porto, que já se arrasta há quase duas décadas desde a construção do porto (2003) e que exige a realização de dragagens todos os anos.
“Vila Praia de Âncora é o porto a nível nacional que menos marés faz, pelas características erradas que tem. Fazemos em média de 100 a 120 marés e com este não desassoreamento, agora ainda vamos ter mais uma redução de 30 a 40 % das idas ao mar”, alerta Carlos Sampaio, representante da Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora, referindo que, face à degradação das condições de operacionalidade que se verificam, “os armadores estão em pânico”. Defende que a dragagem que estava prevista para 2024 “não vai acontecer” e vai afetar a atividade de “15 embarcações de pesca local” e “35 barcos de recreio”, além de desviar pescadores para outros portos. “Temos três barcos de pesca local que estão a operar em Viana do Castelo, porque não conseguem entrar em Vila Praia de Âncora devido ao assoreamento. E temos agora um armador que tem um barco costeiro, um rapaz jovem que comprou uma embarcação de 13 metros, e que, infelizmente por causa da falta desta dragagem, não vai poder operar aqui”, indica, estimando que entre a pesca e a venda de pescado naquela localidade, serão afetadas “cerca de 200 pessoas”.