Falta um "bocadinho de tudo" no apoio a crianças com necessidades educativas especiais
Vários grupos de pais estiveram, este sábado de manhã, reunidos em pelo menos cinco cidades portuguesas para exigir mais recursos e apoios nas escolas para crianças e jovens com necessidades educativas especiais.
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Em Lisboa, um grupo esteve concentrado em frente à Assembleia da República. Também em Coimbra e no Porto, dezenas de pessoas estiveram em frente aos edifícios das respetivas câmaras municipais. No final da próxima semana, uma petição sobre o tema vai dar entrada na Assembleia da República. Até ao momento, reuniu mais de oito mil assinaturas.
O filho de Lourenço Santos tem um atraso global no desenvolvimento e, na escola onde estuda, recebe “duas horas e um quarto de educação especial por semana” e “uma hora de apoio ao estudo por dia”, o que “é pouco”. O pai, presente na concentração em Lisboa, aponta que devia existir “apoio diário durante o período letivo para cada criança que necessita”.
"Ninguém sabe o que é que se passa verdadeiramente nas escolas", resume à agência Lusa, apontando que falta "um bocadinho de tudo", nomeadamente professores do ensino especial, terapeutas, assistentes operacionais, apoios.
Expectativa de ter mais gente
Na mesma concentração, em Lisboa, Gina Veríssimo, mãe de um menino com autismo, assumiu sentir-se “muito triste” ao ver o número reduzido de pessoas que participou na manifestação deste sábado.“Estava à espera de ver mais pessoas que também têm filhos com deficiência, familiares, avós, tios, primos”, reconheceu.
Gina esperava também que profissionais que trabalham com menores com necessidades educativas especiais, como terapeutas, professores, médicos, enfermeiros, tirassem "um bocado do seu tempo" para apoiar o movimento.
"Eles são testemunhas vivas de tudo o que nós passamos, de tudo o que nós sofremos, do dinheiro que é preciso, que o Estado não comparticipa e que nós temos que ganhar, para as fisioterapias, para as terapias, para tudo. E não estão aqui... veem-nos chorar, semana após semana, ano após ano, naqueles consultórios e depois acontece um movimento destes e também não estão aqui", lamenta.
Concentrações em várias cidades
O movimento de pais e familiares pede a alteração ou revogação do decreto-lei que regula a inclusão, porque "nada está a ser cumprido" e "não há qualquer fiscalização", denuncia Lourenço Santos.
“Por uma inclusão efetiva nas escolas” foi o mote da manifestação que decorreu em simultâneo em Coimbra, Évora, Faro, Lisboa e Porto. O movimento já foi recebido pelos partidos, com a exceção do PSD, CDS e BE.