Entre a concorrida Ponte da Arrábida e a emblemática Luís I - após décadas de intensa circulação rodoviária, viu o tabuleiro superior entregue ao metro e o inferior aos peões e ao transporte público -, a futura sétima ligação entre Porto e Gaia será ecológica: além do metro, será dedicada a peões e ciclistas. Mas os especialistas lembram que ainda "há muito a fazer" na mobilidade suave.
Corpo do artigo
Além da necessidade de criar uma rede de ciclovias que integre o novo troço, Paula Teles, especialista em mobilidade urbana, alerta para a importância de haver planeamento. "Na aposta da Linha Rubi, é muito importante que haja uma cobertura eficaz e efetiva desta rede caminhável e ciclável. E, para isso, não chega ter apenas uma ideia e fazer obra numa ou noutra rua", sustenta a engenheira, vincando que "falta criar todo o sistema de redes cicláveis e pedonais, do lado do Porto e do lado de Gaia, que façam com que isto tenha uma ampliação contínua".
"Precisamos urgentemente que as duas câmaras tenham um plano de mobilidade urbana sustentável que agarre todo o sistema de mobilidade", sublinha Paula Teles.
No mesmo sentido, o geógrafo Rio Fernandes acredita que "pode estar a falhar o planeamento: não há estudos, nem há um plano de mobilidade para o Grande Porto ".
"Há iniciativas desgarradas, muitas vezes para resolver problemas urgentes, como é o caso desta linha de metro, que vai resolver a sobrecarga do metro na Ponte Luís I. É mais uma política reativa, de reação a problemas, do que proativa", critica o docente universitário.
Ao JN, a Câmara do Porto adianta que na cidade "existem aproximadamente 35 km de ciclovias" e, "ao abrigo do Fundo Ambiental, está prevista a implementação de duas novas ligações cicláveis: Porto-Matosinhos e Porto-Rio Tinto".
Do outro lado do Douro, a autarquia de Gaia faz saber que o concelho "tem passadiços e ciclovias em toda a sua linha de mar, num total de 16 quilómetros, e em grande parte da orla fluvial - entre a Ponte Luís I e Avintes -, numa extensão de perto de 10 quilómetros", estando previstos mais dois quilómetros quando a primeira fase do metrobus na EN222 ficar pronta.