Faltam recursos para atualizar o Registo Oncológico Pediátrico, alerta fundação
A Fundação Rui Osório de Carvalho (FROC) alertou o Governo para o facto de os dados do Registo Oncológico Pediátrico se encontrarem desatualizados. Refere também que não há conteúdo sobre o cancro pediátrico na Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro (ENLCC). E pede mais investimento.
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“Há falta de investimento na área da oncologia pediátrica, porque o cancro infantil é uma doença que tem pouca incidência em Portugal, com cerca de 400 novos casos por ano, relativamente ao grande universo da saúde pública”, apontou a diretora-geral da FROC, Carlota Mascarenhas, ao JN.
Carlota Mascarenhas disse que o Registo Oncológico Pediátrico, tutelado pelo Ministério da Saúde, não tem sido atualizado “por não haver recursos financeiros”. “Conhecer a realidade em Portugal é fundamental para que se possam tomar as melhores decisões e para que estas vão ao encontro das verdadeiras necessidades”, justificou.
Os dados disponibilizados no Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica (PIPOP) da FROC, um portal de informação acerca dos 14 tipos de cancro pediátrico, apontam para uma taxa anual de incidência de cancro pediátrico de 181 crianças por cada milhão. Os principais tipos de tumores, segundo o PIPOP, são leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas.
A diretora-geral da FROC comentou que lhe “faz alguma confusão” que não se dê tanta atenção à área, tendo em conta que a população de doentes representa “um número relevante”. “A ENLCC tem de ser atualizada tendo em conta que há falta de investimento na investigação, para descobrir terapêuticas menos tóxicas para as crianças, que é outro dos problemas”, acrescentou.
“É alarmante que a oncologia pediátrica surja apenas como uma estrutura transversal”, declarou. “Ao analisar a estratégia, observa-se a quase não existência de medidas concretas, estando em falta fatores como a investigação ou o acompanhamento psicológico (…), não só para a criança ou adolescente, mas também para o seu agregado familiar, tanto durante, como no pós-tratamento”, reiterou.
Lançou movimento
A FROC lançou um movimento denominado “#nãoficoindiferente”, que é um sistema de apoio à investigação em oncologia pediátrica através de doações diretas ou de compras na página Web da fundação, cujo montante reverte para a causa. Pode-se comprar crachás, tote bags ou pulseiras para apoiar a causa. A hashtag #nãoficoindiferente nas redes sociais também é um contributo positivo.
A FROC é uma IPSS criada pela família de Rui Osório Castro, que faleceu com cancro. Uma das missões da fundação é informar sobre o cancro pediátrico e apoiar financeiramente a investigação na área, disse Carlota Mascarenhas ao JN.