Há queixas de aumentos até 10 vezes. Na Régua, Câmara assume metade da subida durante período que pode ir até cinco anos. Petição na Internet exige o fim da empresa Águas do Interior Norte.
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Residentes em alguns concelhos do Douro foram surpreendidos por faturas de água, saneamento e resíduos com o dobro ou o triplo do valor para pagar. E até mais. A culpa é atribuída à entrada em funções da Águas do Interior Norte (AdIN), no início deste ano. Na Internet já corre uma petição pelo fim desta empresa que agrega os municípios de Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Sabrosa, Murça e Peso da Régua (distrito de Vila Real), e Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta (distrito de Bragança).
No Peso da Régua foi o Bloco de Esquerda que deu voz à indignação dos cidadãos. Rui Santos disse, ao JN, que "a subida dos preços começou a verificar-se desde que a AdIN entrou em funcionamento". "Há munícipes que pagavam 12 euros por mês e já receberam faturas de mais de 100 euros", precisou, acrescentando que "a companhia tem justificado com acertos e que futuramente será tudo resolvido".
O presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, que é também vogal da AdIN, admite que "as pessoas têm sido induzidas em erro por estimativas", mas "quando forem corrigidas serão apresentados os valores tabelados". Todavia, o autarca avisa que, "cada vez mais, vai haver uma uniformização do preço da água", o que está a acontecer em todo o país.
Na Régua está a notar-se mais, porque, de acordo com José Manuel Gonçalves, "tinha um dos preços mais baratos do país". Para que o impacto seja menos violento, a Câmara está a pagar "metade do aumento", no caso do consumo doméstico, e "reduziu em 40% a tarifa do consumo não doméstico até 50 metros cúbicos e com retroativos a janeiro deste ano".
Em Freixo de Espada à Cinta, a petição na Internet dá conta de "milhares de munícipes surpreendidos com os valores exorbitantes" e de "inúmeros relatos de pessoas cuja fatura aumentou 50%, 100% e até 200%". Há "um caso que passou de um consumo no valor de 30 euros mensais, em média, para os 108 euros".
Susana Cardoso recebeu, em março, uma fatura (na imagem) com 222,15 euros para pagar, referente ao período entre 14 de fevereiro e 14 de março. Na residência arrendada em Vila Real, desde setembro de 2018, "o normal era pagar entre 40 e 50 euros". Do presidente do Conselho de Administração, Carlos Silva, recebeu uma informação sumária sobre um consumo de "99 541 metros cúbicos" desde 14 de outubro de 2019, "muito superior à média" e com "leituras validadas pelos colaboradores" da empresa. Como tal, a fatura em causa refletiu acertos a mensalidades anteriores. Também foi recomendada a análise de "alguma anomalia na rede interna".
Alto Minho
A empresa Águas do Alto Minho, que agrega sete municípios do distrito de Viana do Castelo, tem sido muito contestada devido a erros de faturação que afetaram 15 mil dos 107 mil consumidores da empresa e que deverão estar corrigidos até ao final deste mês. A Câmara de Vila Nova de Cerveira ameaçou avançar com "medidas jurídicas" caso a empresa não cumpra o estabelecido no contrato de concessão. O autarca, Fernando Nogueira, lamentou as "grosseiras anomalias" na faturação de janeiro e fevereiro.
Penacova
O concelho de Penacova confirmou em março a saída da Associação Intermunicipal de Ambiente do Pinhal Interior (APIN), na sequência da contestação dos munícipes contra o preço da água, saneamento e recolha de resíduos praticado pela empresa com sede no concelho de Penela e que reúne agora 10 municípios dos distritos de Coimbra e Leiria. No mês passado, o presidente da Câmara de Penela e administrador da APIN, Luís Matias, anunciou uma redução de preços daqueles serviços nos concelhos aderentes.
