Um projeto pioneiro, desenvolvido pela startup "Favela Brasil Xpress", está a dar que falar pelo facto de levar serviços como entrega de comida e outros bens a favelas onde nenhuma outra empresa se atreve a entrar. Começou em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, mas rapidamente se expandiu a outras, como a famosa Rocinha, no Rio de Janeiro.
Corpo do artigo
"Gritando a plenos pulmões, batendo palmas ou tocando campainhas, os estafetas da pioneira "Favela Brasil Xpress" distribuem encomendas em Paraisópolis", descreve a agência noticiosa AFP, acrescentando que a ideia partiu de Givanildo Pereira, um jovem de apenas 21 anos, que se inspirou no mapa criado por uma rede de "presidentes da rua", destinado a monitorizar, durante a pandemia, a distribuição de alimentos e outras doações para as famílias.
"Quando a gente faz entregas, estamos trazendo dignidade para as pessoas pertencentes à sociedade porque elas têm o mesmo direito a receber pacotes na porta da sua casa, sem preconceitos", sublinha o fundador.
O próprio Givanildo Pereira sempre morou em Paraisópolis e, por isso, explica que, decidiu incluir no projeto os próprios moradores. Por um lado, para lhes dar oportunidade de emprego, por outro, para aproveitar o conhecimento destes sobre da cultura e as vivências do bairro, onde, por exemplo, não há uma ordem certa na numeração das ruas e das casas.
O objetivo é quebrar os muros invisíveis que separam as comunidades do tecido urbano das cidades
A Favela Xpress procura assim gerar oportunidades de trabalho e rendimento para as pessoas desempregadas. "O objetivo é quebrar os muros invisíveis que separam as comunidades do tecido urbano das cidades".
E a aposta parece estar a dar bons resultado: a empresa fatura cerca de 32 mil euros (200 mil reais) por mês com uma média de 1.800 entregas diárias e conta com cerca de 300 colaboradores, entre funcionários diretos e estafetas independentes, segundo a AFP..
Também se expandiu para outras seis comunidades, incluindo a Rocinha, no Rio de Janeiro, a mais populosa do Brasil, com quase 26 mil residências. Por outro lado, grandes redes como Lojas Americanas, Via Varejo e Dafiti se associaram à iniciativa.