A Federação Nacional das Associações de Feirantes considera que a suspensão de algumas feiras em todo o país é uma "discriminação", uma vez que os centros comerciais mantêm o seu funcionamento. Alerta ainda que a medida vai conduzir alguns vendedores "ao abismo".
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De acordo com Joaquim Santos, presidente da Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF), há feiras suspensas por todo o país, sendo a região Norte a mais afetada com a medida. A nível nacional, há mais de 26 mil feirantes.
"Estamos todos preocupados com a pandemia, mas não podemos aceitar como é que estão a fechar feiras e mercados, onde se vendem produtos de primeira necessidade, quando são coniventes com outros. Não vejo a decretarem o encerramento de um centro comercial. Houve um abuso de poder", lamentou Joaquim Santos, que já transmitiu a "indignação" dos vendedores ao advogado da federação.
Alertando que a atividade é "o suporte financeiro de milhares de famílias", o responsável acredita que a medida vai conduzir alguns vendedores "ao abismo". "Hoje em dia, o que alguns feirantes conseguem tirar de dividendos num dia de trabalho serve para comerem à noite", alertou Joaquim Santos.
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António Carvalho, feirante desde os 15 anos, sente-se revoltado: "Não tem lógica os centros comerciais continuarem abertos. É massacrar sempre quem é mais pequeno". Nesta quinta-feira, em Gondomar, o negócio esteve fraco. É talhante e, das cinco feiras que faz por semana, duas já foram encerradas.
"O problema é que a feira fecha, mas as contas não páram. Há que pagar a casa e as restantes despesas. Tenho um filho na faculdade e tenho de a continuar a pagar", contou o vendedor de 48 anos.
A poucos metros, Cidália Roque queixa-se do mesmo. Na banca há fruta e legumes. Só faltam os clientes. "Esta é a única feira que tenho a funcionar. Há coisas que vão acabar por ir para o lixo", lamentou a mulher, de 60 anos.
Em seis horas de trabalho, Teresa Neves só vendeu três lenços. Em conversas com as colegas, antecipa prejuízos. "Espero que reabram as feiras na semana antes da Páscoa. Nessa altura, as pessoas têm por hábito comprar as prendas para os afilhados", disse.