Um estudo da Associação para o Desenvolvimento e Investigação de Viseu, que este ano vai ser atualizado, revela que a Feira de São Mateus gera um volume de negócios de 44 milhões de euros e tem um impacto global na atividade produtiva de pelo menos 6,5 milhões. A festa prolonga-se até 16 de setembro.
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A Feira de S. Mateus arranca e Alberto de Jesus põe cães a cantar. O homem de 60 anos monta a banca na Rua Direita, em Viseu, onde espalha os brinquedos de barro (cães e pássaros), que com um pouco de água no interior e um assobio imitam o cantar dos pássaros.
Alberto conta com os emigrantes que este mês estão em força na cidade. "Até ao final do mês, estou em Viseu, e depois vou para a Festa da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego", diz o homem, que se dedica ao negócio apenas nos meses de verão.
Um estudo de 2014, encomendado pela Câmara de Viseu, indica que pelo certame desse ano passaram 51 mil emigrantes, 6% do total dos 850 mil visitantes então contabilizados.
No ano passado, o certame alcançou 1, 2 milhões visitantes e no primeiro domingo da edição deste ano (abriu a 9 de agosto) entraram 60 mil pessoas, o que equivale ao número de habitantes do perímetro urbano de Viseu. "A Feira de S. Mateus é uma cidade dentro da cidade", considera Jorge Sobrado, gestor da Viseu Marca, que organiza o evento.
A cidade é interessante e a feira é uma mais valia e toda a evolução do certame tem ajudado a atrair clientes
Jorge Sobrado, também vereador da Cultura na Câmara de Viseu, assegura que há um mundo "invisível" a girar à volta da feira, nomeadamente "cerca de 50 fornecedores que abastecem os expositores [metade são de Viseu] ou pessoas que dão assistência técnica".
Os hotéis da cidade registam uma taxa de ocupação muito próxima dos 75%, devendo chegar aos 80% até final do mês, com turistas do Brasil, Espanha, França Alemanha, Reino Unido e Holanda. A estadia média varia entre um e três dias.
"A cidade é interessante e a feira é uma mais valia e toda a evolução do certame tem ajudado a atrair clientes", acredita Francisco Loureiro, diretor-geral da cadeia Montebelo Hotel & Resorts do Grupo Visabeira, detentor de três hotéis locais.
Nos últimos três anos, a Viseu Marca e o município investiram perto de dois milhões de euros para que a feira ganhasse uma nova cara, mais urbana, sem esquecer as tradições. O certame inclui cerca de 250 expositores, parque de diversões, um bairro de restauração, artéria de enguias e de artesanato.
Pelas ruas de Viseu multiplicam-se cartazes a anunciar os artistas que passam pelo palco da feira mais antiga do país, que vai até 16 de setembro e tem um orçamento de 1,7 milhões de euros. "É um evento sustentável e que ainda dá lucro", realça o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques.
A grande aposta deste ano foi para o bairro de restauração, que está sempre cheio, mas não esvazia os restaurantes da cidade.
"Desde o início da feira, a clientela aumentou cerca de 30%. Estamos sempre cheios ao almoço e ao jantar ", afirma João Carvalho, proprietário do restaurante a Colmeia, com uma grande esplanada ao lado da Catedral.
Lojas cheias e negócios em alta
Nuno Cardoso, do bar Galeria 22, também no centro histórico, nota: "Nos dias pagos temos muitos clientes até à meia-noite e meia. Depois vão para a feira porque a essa hora a entrada é livre", conta.
Os meses de junho e julho foram fracos para Susana Sousa que tem o único tuk-tuk da cidade. Este mês, o negócio melhorou. "No final do percurso, há turistas que pedem para ficar na Feira de S. Mateus", adianta.
Carina Gomes, sócia gerente da pastelaria Horta, na rua Formosa, defende que agosto, por ser mês de férias e de emigrantes, seria sempre "o melhor" para o negócio. "Com ou sem feira", defende.
Na Rua Direita, José Correia vende de tudo na loja Nancor: de souvenirs a pasta de dentes. Os emigrantes que lhe fazem subir as vendas também vão à feira, acredita. "Só que vão mais aos domingos quando estamos fechados", ironiza. A loja já abriu no dia de descanso e ficou às moscas. "Este mês vamos fazer mais uma experiência", assegura.
"A feira de S. Mateus traz sempre mais pessoas", acredita Ana Paula Santos da sapataria Katy. "Isso é mais durante a manhã", argumenta Alfredo Almeida, dono do pronto a vestir The Alfred"s. "À tarde devem ir para a feira", conclui