
Pressão na avaliação pode colocar em causa a saúde mental dos alunos
Carlos Carneiro / Global Imagens
A felicidade é colocada em primeiro lugar nas escolas portuguesas, segundo os diretores. A ideia é criar “escolas felizes” através do projeto Happy Schools, da UNESCO, numa parceria entre a Direção-Geral da Administração Escolar e a Atlântica. Em Portugal, 99% dos diretores colocam a felicidade como pilar das escolas.
Jorge Humberto Dias, coordenador do projeto Happy Schools, disse ao JN que, sem os diretores das escolas, poucas alterações educativas podem ser feitas. A escola é o principal pilar da formação das crianças de hoje e há estudos que mostram como a felicidade pode ter um grande impacto nas organizações educativas. É, neste cenário, que entram as escolas felizes, cujo papel é meter a felicidade em primeiro lugar.
Concretamente, isto quer dizer que as escolas adaptam um conjunto de medidas que se dividem em quatro categorias: pessoas, processos, espaços e princípios. Alguns dos fatores a melhorar dentro destas categorias são, por exemplo, a qualidade de relações, a metodologia de ensino, as condições físicas e a inclusão, confiança e apoio, respetivamente.
Neste sentido, foi implementado o modelo Happy Schools em Portugal, uma iniciativa da Direção-Geral da Administração Escolar e da Atlântica - Instituto Universitário que segue os modelos da UNESCO e ambiciona a transformação das escolas em espaços que promovem o ensino, a saúde, o bem-estar e a felicidade diária da comunidade escolar inteira. Na sua essência, estão espaços que reúnem condições e impulsionam atitudes positivas.
O relatório global sobre o projeto revela que, do total de 115 diretores portugueses inquiridos, 99% dão prioridade à felicidade. Acima dos 90%, acreditam, ainda, que as suas escolas têm um clima positivo e são um espaço seguro.
Mas a melhor fonte para confirmar estes resultados são os jovens e corpo docente das escolas, também abrangidos no inquérito realizado. Pouco mais de 2000 professores responderam e 80% manifestaram orgulho no ambiente positivo das escolas e respectivas salas de aulas.
Quanto aos alunos, não foram fornecidos dados ao JN, mas Jorge Humberto Dias, coordenador do projeto, afirmou que o feedback é positivo. Ainda assim, apontaram para problemas como a pressão na avaliação que, “em muitas escolas, é bastante grande e afeta a saúde mental”, adverte o professor.
Além da pressão, junta-se o bullying, falta de condições nos espaços, excesso de trabalhos de casa e problemas na alimentação.
“Distinguimos felicidade de bem-estar”
O coordenador Jorge Humberto Dias fez questão de esclarecer a distinção que fazem entre felicidade e bem-estar, “embora estejam relacionadas”. O bem-estar acaba por estar, muitas vezes, associado a questões como a saúde, ao contrário da felicidade que lida com questões emocionais.
“Na felicidade, acabamos por ter uma abordagem mais direcionada para a realização de projetos que melhorem a qualidade de vida”, mencionou Jorge Humberto Dias. Já as práticas de bem-estar estão alinhadas com o modelo da UNESCO.
O projeto aposta muito no desenvolvimento de ações de formação de 25 horas focadas nos diretores, porque, se não forem eles a estar interessados, “pouco pode ser feito”.
A iniciativa já conta com seis edições e caminha, agora, para a sétima edição, onde desafiam as escolas a alterarem o seu programa educativo, sempre contando com o acompanhamento de equipas do projeto.
