A felicidade é colocada em primeiro lugar nas escolas portuguesas, segundo os diretores. A ideia é criar “escolas felizes” através do projeto Happy Schools, da UNESCO, numa parceria entre a Direção-Geral da Administração Escolar e a Atlântica. Em Portugal, 99% dos diretores colocam a felicidade como pilar das escolas.
Corpo do artigo
Jorge Humberto Dias, coordenador do projeto Happy Schools, disse ao JN que, sem os diretores das escolas, poucas alterações educativas podem ser feitas. A escola é o principal pilar da formação das crianças de hoje e há estudos que mostram como a felicidade pode ter um grande impacto nas organizações educativas. É, neste cenário, que entram as escolas felizes, cujo papel é meter a felicidade em primeiro lugar.
Concretamente, isto quer dizer que as escolas adaptam um conjunto de medidas que se dividem em quatro categorias: pessoas, processos, espaços e princípios. Alguns dos fatores a melhorar dentro destas categorias são, por exemplo, a qualidade de relações, a metodologia de ensino, as condições físicas e a inclusão, confiança e apoio, respetivamente.
Neste sentido, foi implementado o modelo Happy Schools em Portugal, uma iniciativa da Direção-Geral da Administração Escolar e da Atlântica - Instituto Universitário que segue os modelos da UNESCO e ambiciona a transformação das escolas em espaços que promovem o ensino, a saúde, o bem-estar e a felicidade diária da comunidade escolar inteira. Na sua essência, estão espaços que reúnem condições e impulsionam atitudes positivas.
O relatório global sobre o projeto revela que, do total de 115 diretores portugueses inquiridos, 99% dão prioridade à felicidade. Acima dos 90%, acreditam, ainda, que as suas escolas têm um clima positivo e são um espaço seguro.
Mas a melhor fonte para confirmar estes resultados são os jovens e corpo docente das escolas, também abrangidos no inquérito realizado. Pouco mais de 2000 professores responderam e 80% manifestaram orgulho no ambiente positivo das escolas e respectivas salas de aulas.
Quanto aos alunos, não foram fornecidos dados ao JN, mas Jorge Humberto Dias, coordenador do projeto, afirmou que o feedback é positivo. Ainda assim, apontaram para problemas como a pressão na avaliação que, “em muitas escolas, é bastante grande e afeta a saúde mental”, adverte o professor.
Além da pressão, junta-se o bullying, falta de condições nos espaços, excesso de trabalhos de casa e problemas na alimentação.
“Distinguimos felicidade de bem-estar”
O coordenador Jorge Humberto Dias fez questão de esclarecer a distinção que fazem entre felicidade e bem-estar, “embora estejam relacionadas”. O bem-estar acaba por estar, muitas vezes, associado a questões como a saúde, ao contrário da felicidade que lida com questões emocionais.
“Na felicidade, acabamos por ter uma abordagem mais direcionada para a realização de projetos que melhorem a qualidade de vida”, mencionou Jorge Humberto Dias. Já as práticas de bem-estar estão alinhadas com o modelo da UNESCO.
O projeto aposta muito no desenvolvimento de ações de formação de 25 horas focadas nos diretores, porque, se não forem eles a estar interessados, “pouco pode ser feito”.
A iniciativa já conta com seis edições e caminha, agora, para a sétima edição, onde desafiam as escolas a alterarem o seu programa educativo, sempre contando com o acompanhamento de equipas do projeto.