Face a uma proposta de Orçamento do Estado que só garante "serviços mínimos", a Fenprof vai aderir à greve convocada pela Frente Comum para o dia 27. No dia 17, as nove organizações sindicais vão decidir o calendário de luta mas Mário Nogueira fez esta sexta-feira um apelo à Saúde para convergir nos protestos.
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"No tempo do digital, temos um Governo que para a Educação continua com o lapis atrás da orelha. É um orçamento de mercearia", critica Mário Nogueira.
O reforço na massa salarial de 3,5% é o "mais baixo de todos os ministérios", frisa o líder da Fenprof. Apenas dá para responder à inflação estimada para 2023, sem responder à perda dos últimos dois anos e atirando para a poupança com os que se aposentam a possibilidade de se cumprirem os três índices salariais para os contratados, o reposicionamento dos cerca de oito mil que entraram nos quadros, os estágios remunerados a partir do próximo ano letivo ou as progressões pelo "acelerador" na carreira. É que tirando a atualização de 3% pela inflação, sobra 0,5%, cerca de 26 milhões de euros. para todas estas medidas, garante Mário Nogueira.
Assim, face a um orçamento de "estagnação" a contestação vai continuar como as organizações ja tinham avisado, sublinhou. Além das ações que serão aprovadas no dia 17, ja é certo que haverá protesto no dia 13 de novembro quando o ministro da Educação defenderá a proposta de orçamento no Parlamento.
Antes, no dia 21 de outubro, a Fenprof vai participar na manifestação convocada pelo movimento Vida Justa, no dia 27 adere à greve convocada pela Frente Comum para toda a administração publica e dia 11 de novembro estará na manifestação nacional agendada pela CGTP.
Mário Nogueira lançou ainda um apelo à convergência com classes também ainda com tempo de serviço congelado por recuperar como polícias e militares. E desafiou médicos e enfermeiros para que convirjam com os professores em ações de protestos unidos.
No dia 23 - e em resposta ao ministro das Finanças que, numa entrevista, garantiu que não cedia a setores só porque "têm organizações com forte poder vocal" -, a Fenprof agendou o dia "da vocalização nacional dos professores": entre as 10 e as 18 horas, os docentes vão concentrar-se junto ao ministério das Finanças e expressar bem alto o "seu poder vocal", explicou Nogueira.
Proposta de apoios aos deslocados
A proposta de Orçamento do Estado prevê a criação de um apoio à renda aos professores colocados a mais de 70 quilómetros da sua residência, desde que o custo do alojamento seja superior a 35% do salário.
O líder da Fenprof frisa que a medida tem muito por esclarecer e recorda que desde 2020 há propostas nos orçamentos que não são cumpridas como a promessa de criação de incentivos à carreira em áreas do país com maior défice de professores, o alargamento da rede de Pré-escolar ou a revisão do modelo de atividades de enriquecimento curricular (AEC). "Ver para crer", responde.
A Fenprof vai entregar uma proposta ao ME a pedir apoios não só para a renda mas também para as deslocações. "Não há outro setor com tantos profissionais deslocados", conclui, referindo que há professores que diariamente fazem 200 ou 300 quilómetros para irem dar aulas.