Fernando Araújo: qualidade e segurança motivaram mudança nas cirurgias ao cancro da mama
O diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, esclareceu que a decisão de sete unidades locais de saúde (ULS) deixarem de fazer cirurgias a cancros da mama prende-se com questões de qualidade e segurança. O responsável garante que o objetivo é dar uma resposta "mais diferenciada" em hospitais com mais experiência.
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"Queremos que tenham o melhor, em ponto de vista de resultado, em qualidade e segurança. Queremos profissionais muito experientes. Portanto, preferimos que para a cirurgia a mulher seja operada no local onde teremos condições para oferecer uma resposta mais diferenciada", explicou Fernando Araújo, em declarações à CNN Portugal, à margem de uma conferência organizada pelo canal, que decorreu esta quinta-feira no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Para o responsável, querer “tudo em todo o lado” não é a melhor opção, podendo resultar num "pior desempenho e pior resposta em termos de saúde".
Em causa está a decisão a Direção Executiva do SNS que pretende concentrar aqueles procedimentos cirúrgicos num número restrito de hospitais públicos com "um volume mínimo de atividade que confira experiência, qualidade e segurança às intervenções". A nova unidade de medida passa a fixar um mínimo de cem cirurgias por ano e dois "cirurgiões dedicados".
Consultas oncológicas mantêm-se
Assim, a partir de abril, sete ULS vão deixar de realizar as cirurgias, mas mantêm-se as consultas oncológicas. "O número de cirurgias à mama era reduzido, o que faz com que os profissionais não tenham experiência suficiente e os resultados não sejam bons", afirmou Fernando Araújo.
O diretor-executivo do SNS apontou ainda que a mudança na rede de referenciação não muda o facto de as utentes poderem "fazer as consultas mais próximas do seu local de residência".
Por seu turno, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, lamentou a decisão. "Tenho de lamentar que a Direção Executiva do SNS de alguma forma tenha tomado esta decisão sem consultar quem deveria consultado do ponto de vista técnico-científico", afirmou, também em declarações à CNN Portugal.
Temem risco de aumento de listas de espera
Para o bastonário, "do ponto de vista estratégico é uma péssima decisão" com impactos na fixação de médicos em áreas periféricas onde são necessários. Teme ainda que a mudança venha aumentar as listas de espera de cirurgia.
Uma preocupação partilhada também pelo presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Rodrigues, em reação à RTP. Já a Sociedade Portuguesa de Oncologia aplaudiu a decisão.
A ULS do Oeste vai passar a encaminhar os doentes para a ULS da Região de Leiria ou da Lezíria. As da Cova da Beira, Guarda e Castelo Branco para a ULS de Coimbra ou IPO de Coimbra. A do Baixo Mondego para a ULS da Região de Aveiro ou IPO de Coimbra. A de Barcelos/Esposende para a ULS de Braga. E, por fim, a do Nordeste para a ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro.