O bastonário da Ordem dos Fisioterapeutas vai, pela primeira vez, ser eleito esta segunda-feira, 15 de novembro. Há dois candidatos - António Lopes e Emanuel Vital. Ambos pretendem reforçar a imagem da profissão e valorizá-la. A Ordem foi criada a 30 de setembro de 2019.
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Os fisioterapeutas vão eleger o seu primeiro bastonário através de voto eletrónico. Em Portugal , existem cerca de 15 mil fisioterapeutas (dados de 2017), resultando na terceira maior profissão na área da saúde, segundo a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Mas só quase cinco mil estão inscritos na Ordem.
Os candidatos são António Lopes, fisioterapeuta, psicólogo e professor coordenador na Escola Superior de Saúde de Alcoitão e Emanuel Vital, fisioterapeuta no Centro de Saúde da Marinha Grande com experiência enquanto docente e investigador.
As propostas dos candidatos
No Dia Nacional da Fisioterapia, na passada sexta-feira, o candidato Emanuel Vital falou ao JN afirmando que a sua candidatura pretende dotar a Ordem de "condições de cumprir o desígnio da regulação do exercício". Emanuel Vital quer defender o título de fisioterapeuta e promover o exercício legal da profissão, levando-o à agenda política.
À Lusa, disse querer sensibilizar os políticos para a necessidade de "mobilizar mais recursos e fisioterapeutas para melhorar a saúde dos portugueses e, ao mesmo tempo, tornar mais eficiente o sistema de saúde".
Emanuel Vital diz existir uma "falta de aproveitamento": Portugal está na cauda da Europa no que toca à utilização da fisioterapia nos cuidados de saúde. O país não tem um bom desempenho nos indicadores relativos à incapacidade e aí a fisioterapia "faz toda a diferença".
Emanuel Vital pretende levar a cabo estudos que demonstrem o impacto económico dos fisioterapeutas na saúde, na qualidade de vida da população e na redução de custos para o sistema de saúde em Portugal. "Estamos num momento histórico da profissão", disse, ao JN.
No seu programa, defende a criação de um Espaço do Cidadão, que sirva para "orientar " o utente, prestar-lhe informação e dar-lhe garantias de quem são os profissionais qualificados, com formação.
Em declarações ao Jornal de Notícias, o candidato António Lopes disse existirem dificuldades de acesso à fisioterapia, "quer por assimetrias de natureza geográfica, quer por questões administrativas", como a comparticipação das despesas com os cuidados de fisioterapia.
Por outro lado, aponta, existem "limitações impostas ao exercício autónomo da profissão sem que as mesmas tenham necessidade de existir". À Lusa, afirmou que "atualmente há uma dependência da fisioterapia da especialidade médica de Medicina Física e Reabilitação e nós teremos de sair fora dessa alçada".
Por outro lado, "o SNS precisa de mais fisioterapeutas", disse, afirmando que em países como a Suécia, ou outros onde a profissão é "vista de forma diferente na sociedade", o número de fisioterapeutas por 100 mil habitantes é "três vezes superior" comparando com Portugal que tem apenas 13 mil fisioterapeutas para cem mil habitantes.
António Lopes pretende criar o Provedor do Utente, que ajude a "defender os utilizadores dos serviços de fisioterapia" e tenham a quem recorrer, quer "combater a prática ilegal" e acentuou que a Ordem vai poder "retirar o título profissional a alguém que se afaste das normas".
A Ordem dos Fisioterapeutas foi criada a 30 de setembro de 2019 com a nomeação de uma Comissão Instaladora por parte da ministra da Saúde, Marta Temido. A presidente da Comissão é Isabel de Souza Guerra, docente e coordenadora na Escola Superior de Saúde do Alcoitão.