Tenho particular afeição por Moçambique. Ainda na infância, conheci as dificuldades das "cartas de chamada" para que alguns familiares, muito próximos, pudessem ir para lá trabalhar.
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Conheci, mais tarde, os dramas de uma guerra que exigia não a força das armas mas a negociação política entre Portugal e as suas colónias. Soube da violência da guerra civil até a acalmia de um jovem país independente. Tive o privilégio de visitar aquela sedutora terra africana antes e depois da independência. Choro agora a tragédia da fome da maioria dos moçambicanos e temo os tumultos de rua que já fizeram vítimas mortais com o recurso à repressão em vez do diálogo com os manifestantes que lutam para matar a fome.
Felizmente, a Igreja tenta a pacificação. O arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, declarou, à agência Ecclesia, que há ali "um ambiente de caos, com manifestações nas ruas, levadas a cabo pelas populações que pedem ao Governo para que os preços não subam tanto".
A arquidiocese de Maputo apelou à calma e à compreensão, para ambas as partes, numa mensagem transmitida pela rádio e pela televisão. "O Governo tem de se sentar com as pessoas e procurar ouvir as suas necessidades, encontrando uma solução conjunta, uma plataforma de entendimento. Ao mesmo tempo, tem de encontrar uma forma de gerir esta situação", espera o arcebispo de Maputo.
"O Governo tem uma missão não indiferente, porque foi eleito por esta população, para ir ao encontro das suas necessidades, têm de trabalhar em nome do povo", diz D. Francisco.
África é o continente mais esquecido na política e na economia mundiais.