Fortalezas de Valença, Almeida e Marvão são candidatas a Património Mundial da UNESCO
Os municípios de Valença, Almeida e Marvão entregaram, esta segunda-feira, o dossier de candidatura das “Fortalezas Abaluartadas da Raia” a Património Mundial da UNESCO.
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A cerimónia decorreu durante a manhã e marcou o início da contagem decrescente para a conquista de “um selo” que, além de maior visibilidade mundial, vai também garantir a preservação daquele património único da arquitetura militar dos séculos XVII e XVIII e que se apresenta com sendo “o mais representativo de sistema abaluartado e na defesa da linha de fronteira”.
Ao JN, o presidente da Câmara Municipal de Valença, José Manuel Carpinteira, destacou a importância da conclusão do processo de candidatura e a sua entrega formal à representação em Portugal da UNESCO.
“Hoje é um dia importante para os três municípios, Valença, Almeida e Marvão, porque, finalmente, têm o processo concluído e apresentado à comissão nacional da UNESCO”, disse, acrescentando que ainda não sabe quando é que "o processo vai para lista de espera", esperando que "nos próximos dois anos [a candidatura] possa ser aprovada”.
O autarca adiantou ainda que a conclusão do processo obriga, "desde já", a "um maior cuidado do bem patrimonial”. Realça que é necessário ter uma equipa de gestão do património, que desempenhe o "trabalho essencial" de "requalificar e preservar”. José Carpinteira considera que “o selo da UNESCO traz valorização e visibilidade" e que essa é a "grande vantagem".
O autarca nota que a obra de recuperação da muralha da Fortaleza de Valença que ruiu, em janeiro de 2023, por causa do mau tempo, foi iniciada esta segunda-feira. A intervenção custará 1,3 milhões de euros e tem um prazo de execução de nove meses.
“Entretanto, fizemos um protocolo com a CCDR-N para que esta disponibilize meios técnicos para podermos avaliar o património e depois intervir onde houver necessidade”, acrescentou.
José Carpinteira destaca que foi feita uma candidatura de mais de 100 mil euros devido à necessidade de monitorizar “os panos de muralha de toda a fortaleza”, mas em particular “dois pontos críticos já identificados” na envolvente da pousada de S. Teotônio.
A cerimónia de entrega da candidatura das “Fortalezas Abaluartadas da Raia” a Património Mundial da UNESCO decorreu no Centro de Estudos de Arquitetura Militar de Almeida (CEAMA), localizado nas Portas Exteriores de Santo António.
Estiveram presentes os autarcas de Almeida, António Machado, e de Valença, José Carpinteira, bem como o vice-presidente da câmara de Marvão, Luís Costa, e Ana Paula Amendoeira, da Comissão Nacional Portuguesa do ICOMOS.
Recorde-se que os municípios de Almeida, Marvão e Valença também apresentaram o dossier de candidatura ao Presidente da República, no dia 3 de novembro de 2022, no Palácio de Belém, em Lisboa.
O património abrangido na candidatura integra a Fortaleza de Valença e de Marvão e a Praça-forte de Almeida, exemplares únicos da arquitetura militar dos séculos XVII e XVIII. A raia luso-espanhola é a faixa da fronteira mais antiga do mundo, com cerca de 1319 quilómetros, e uma das mais fortificadas da Europa.