Peugeot 2008 recuperou liderança entre janeiro e junho e é o preferido dos portugueses
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As marcas francesas de automóveis reforçaram o domínio do mercado em Portugal e têm seis modelos entre os carros mais vendidos nos primeiros meses do ano. O Peugeot 2008 voltou a reunir a preferência dos portugueses, depois de ter caído para o terceiro lugar dos mais procurados no período homólogo. O Renault Clio e o Dacia Sandero fecham o pódio. Os números mais recentes da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) mostram um aumento total de 4,2% de matrículas de automóveis novos entre janeiro e junho face ao ano passado. Ainda assim, o setor ainda não recuperou as vendas dos anos anteriores ao da pandemia.
A Peugeot continua a ser a marca líder em Portugal e os números do primeiro semestre do ano confirmam essa tendência. A marca francesa tem três modelos nos primeiros dez lugares da tabela dos mais vendidos, com o Peugeot 2008 a liderar o ranking. Entre janeiro e junho, foram vendidas 4772 unidades do SUV que ronda os 23 mil euros, mais 24,5% do que no mesmo período do ano passado. O Peugeot 208 também recuperou adeptos e passou do sexto para o quinto lugar, com 3126 carros vendidos (+2,91%). Já a fechar o top 10 surge o Peugeot 308 que, apesar de estar entre os mais vendidos, desceu 7,4% nas vendas. Nos primeiros dez lugares constam ainda dois modelos da concorrente Renault e um da Citroën.
Todavia, há mais mexidas nos primeiros lugares da tabela. O Dacia Sandero perdeu algum gás e desceu da primeira para a terceira posição, vendendo menos 19% em comparação com os primeiros seis meses de 2024. Também o Tesla Model 3 caiu 33% e passou a ser o oitavo mais vendido, depois de ocupar o terceiro lugar no período homólogo. A marca continua a sofrer da má imagem dada pelo seu proprietário Elon Musk, que até enfrentou manifestações e carros incendiados nos Estados Unidos.
Dacia Duster dispara
O modelo Dacia Duster surge entre as principais surpresas. O automóvel, disponível a partir de 19 mil euros com opções a gasolina, GPL e híbridas, entrou para as dez opções mais procuradas e vendeu mais 1663 unidades face ao ano passado. Um aumento percentual superior a 100%. Neste nível de crescimento está ainda o Peugeot 3008, que duplicou as vendas em relação ao primeiro semestre de 2024, e o Fiat 600, que passou de 180 para 1426 automóveis comercializados (+692%).
Entre os que estão em perda, o Dacia Jogger saiu do top 10 e figura agora em décimo oitavo lugar, com perdas a rondar os 33%. O Renault Zoe, com menos 127 carros vendidos, e o Fiat Tipo, com menos 298, ocupam os últimos lugares da tabela. Ambos apenas despacharam uma unidade.
Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, refere que o paradigma do mercado mudou "completamente" nos últimos anos, sobretudo com a entrada dos elétricos. "Há 10 anos, os veículos elétricos eram praticamente inexistentes. Neste momento, são 20% das vendas e no primeiro semestre aumentaram 30%. O diesel reduziu drasticamente", adianta. No total, o mercado cresceu 4,1% na primeira metade do ano, tendo sido colocados em circulação um total de 143 012 novos veículos.
T-Roc fabricado em Palmela em alta
O T-Roc da Volkswagen, fabricado na Autoeuropa, em Palmela, está longe das primeiras posições dos mais vendidos, mas é o modelo da marca alemã preferido dos portugueses. O SUV "made in Portugal" vendou 1427 exemplares entre janeiro e junho de 2025, mais 110 do que no período homólogo. Em 2023, o T-Roc foi o modelo da Volkswagen mais vendido na Europa, tendo a Autoeuropa produzido mais de 220 mil unidades do modelo. O que já se sabe é que na fábrica portuguesa já está a ser produzido o novo VW T-Roc e, a partir de 2027, vai acolher o futuro modelo ID.1. O elétrico deverá ter um preço final de mercado a rondar os 20 mil euros.
Elétrico é uma das novidades
O Renault 5 E-Tech, considerado o carro do ano na Europa, entrou no mercado português com 783 carros vendidos nos primeiros meses do ano. Já é o terceiro modelo da Renault mais vendido em Portugal, atrás somente do Renault Clio (4275) e do Renault Captur (2683). Os números comprovam que o elétrico, disponível desde 24 900 euros, é um dos preferidos dos portugueses. Consome em média 15 kWh aos 100 quilómetros e tem uma autonomia de 345 a 400 quilómetros.
ACAP quer incentivo ao abate para renovar parque
Há 26 anos que o número de automóveis de passageiros a circular nas estradas não crescia tanto em Portugal como no ano passado, mas o envelhecimento do parque automóvel nacional continua a acentuar-se. A idade média dos veículos já é de 14,1 anos.
O número de vendas das novas matrículas também ainda não está ao nível dos anos anteriores ao da pandemia e a ACAP quer que o Governo fomente o abate de carros antigos com mais apoios estatais. A associação sugere um plano “robusto” de incentivos que abranja 40 mil carros, com um apoio de 4 mil euros por unidade. A proposta já chegou às mãos do Executivo.
No ano passado, registaram-se mais 220 mil automóveis ligeiros a circular nas estradas. O parque automóvel nacional conta com 7,3 milhões de viaturas e 5,9 milhões são ligeiros. Os números estão plasmados no mais recente relatório estatístico da ACAP. Nos comerciais ligeiros, a subida foi de 27 mil unidades e nos pesados de 12 mil.