Por cada milhão de euros, 161 vão parar às mãos erradas e em dois terços dos casos de fraude com cartões de pagamento houve roubo de dados do lesado, de acordo com o Banco de Portugal.
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As fraudes nas operações de pagamentos digitais com cartão são cada vez mais elaboradas e conseguem tirar cada vez mais dinheiro às vítimas, como concluiu o relatório dos sistemas de pagamentos do Banco de Portugal (BdP). Cada vítima perdeu em média 58 euros no primeiro semestre do ano passado. O BdP alerta para a necessidade de ter cuidado com os telefonemas, mensagens e redes sociais.
Por cada milhão de euros transacionados com cartões emitidos em Portugal, 161 euros foram parar às mãos erradas através do método de fraude. Estes dados são do primeiro semestre de 2024, recentemente divulgados pelo BdP, e traduzem um aumento face aos 137 euros fraudulentos por cada milhão de euros transacionados no primeiro semestre de 2023.
Embora o número de participações fraudulentas por cada milhão de operações tenha descido no mesmo período – de 156 para 129 – as fraudes com cartão são cada vez mais nefastas e, em média, tiraram 58 euros a cada vítima. São mais 11 euros do que no primeiro semestre de 2023.
Manipulam os alvos
Ao todo, as fraudes com pagamentos representaram 8,9 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano passado, sendo que cerca de três milhões de euros foram com fraudes em cartões e quase seis milhões de euros foram em transferências a crédito.
Segundo o relatório dos sistemas de pagamentos, o BdP “tem desenvolvido campanhas para informar e sensibilizar a população acerca da crescente sofisticação das fraudes, que recorrem a técnicas de manipulação comportamental, explorando a confiança e a vulnerabilidade dos utilizadores”. Os métodos mais comuns “incluem o envio de SMS, a utilização dos chats de aplicações de mensagens instantâneas ou a inserção de anúncios em plataformas sociais, prometendo rendimentos adicionais rápidos, investimentos de elevado retorno ou crédito com condições vantajosas”, alerta o BdP.
Estas abordagens simulam frequentemente ofertas de emprego, solicitando a adesão a grupos de mensagens instantâneas e, nalguns casos, “o pagamento de uma taxa inicial com a promessa de reembolso”, avisa o BdP.
Nas operações com cartão, 66% das ocorrências de fraude aconteceram através do roubo dos dados. Ou seja, quando o dono do cartão permite, por ação ou negligência, que o criminoso aceda aos números. São ainda relevantes, com 26%, as fraudes em que o criminoso altera uma ordem de pagamento, desviando o dinheiro que seria para outra pessoa.
A prevalência de fraude é, segundo o BdP, muito maior nos pagamentos feitos com cartões portugueses no estrangeiro. Por cada milhão de pagamentos eletrónicos com cartão, há 51 476 fraudes quando os pagamentos são feitos fora da União Europeia (UE), 9283 quando são feitos na UE (excluindo Portugal) e 192 quando são realizados apenas em Portugal. O mesmo acontece com o valor. Por cada milhão de euros de pagamentos, há 37 732 euros fraudulentos em pagamentos fora do espaço da UE, 13 963 euros no espaço da UE (excluindo Portugal) e 406 euros nos pagamentos em solo nacional.
A taxa de fraude também cai drasticamente quando é aplicada a autenticação forte por parte do cliente. Este método consiste em adicionar um elemento de segurança à autenticação simples, que pode ser uma palavra-passe adicional, um código enviado por telemóvel ou até a impressão digital. A taxa de fraude nos pagamentos sem autenticação forte é 25 vezes superior à taxa das transações realizadas ao abrigo deste método de segurança.

