O líder da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública afirmou que a greve desta sexta-feira levará "seguramente" ao encerramento de várias escolas, a menos que haja "violação" do direito à paralisação. Ao JN, Sebastião Santana garantiu que, em virtude do atual "quadro de empobrecimento enorme", há trabalhadores que já não conseguem fazer face ao aumento do custo de vida.
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"Esperamos um grande dia de greve", afirmou o coordenador da Frente Comum, prevendo uma adesão "transversal" a toda a Administração Pública. Sebastião Santana frisou que a paralisação "se vai notar mais" na educação, saúde e nos serviços que envolvam o atendimento ao público, como a Segurança Social, as Finanças ou as conservatórias. Também os serviços das autarquias (por exemplo, recolha de lixo) deverão ser afetados.
Questionado sobre se acredita que haverá escolas a encerrar, o líder sindical referiu: "Não só acredito como, se não houver violação do direito à greve, isso seguramente acontecerá". Na terça-feira, Sebastião Santana já tinha garantido, à Lusa, que a Frente Comum agirá "em conformidade" caso de esse direito seja, de algum modo, colocado em causa.
O líder sindical denuncia que os trabalhadores da Administração Pública estão "extremamente descontentes", não só com a "degradação" dos serviços públicos mas, também, com a "ausência de respostas" face ao aumento do custo de vida. "Os trabalhadores não conseguem fazer face às despesas habituais", garantiu.
Desafiando o JN a "encontrar um trabalhador do SNS contente", Sebastião Santana defendeu que essa insatisfação é "um excelente exemplo" do que se passa, em sentido mais lato, por toda a Administração Pública.
Aumentar salários e fixar preços
De modo a estancar e reverter a perda de poder de compra, o líder sindical reivindica um "aumento imediato dos salários", lamentando que o Governo recuse negociar mesmo perante o contínuo aumento da inflação. A fixação de preços e taxação de lucros extraordinários é outra medida defendida pela Frente Comum, que exige que o Executivo deixe de fazer "olhos cegos" aos ganhos recentes das grandes superfícies.
Outras das reivindicações da federação de sindicatos são a valorização das carreiras, a revogação do sistema de avaliação de desempenho na Administração Pública (SIADAP) - que atrasa a progressão nas carreiras - e o reforço dos serviços públicos "em meios financeiros e humanos".
A Fenprof já fez saber que irá associar-se à greve desta sexta-feira. No sábado, a CGTP fará uma manifestação nacional, em Lisboa, pelo reforço dos salários e contra o aumento do custo de vida.