Governo ouve epidemiologistas antes de decidir se altera medidas para concelhos. Em cima da mesa pode estar antecipar as férias escolares do Natal em uma semana.
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O Governo está a estudar a possibilidade de endurecer o controlo da circulação entre concelhos em todo o país para os fins de semana alargados dos feriados de 1 e 8 de dezembro, de modo a evitar os encontros familiares numa altura em que se espera um pico de internamentos por covid. As exceções poderão abranger quem trabalha e estuda, salvaguardando-se ainda os direitos políticos, de modo a garantir a realização do congresso do PCP. Em cima da mesa estará ainda a eventualidade de antecipar em uma semana as férias escolares do Natal.
O rigor das medidas irá depender, em parte, daquilo que os epidemiologistas apontarem como cenários expectáveis da pandemia, esta quinta-feira na reunião do Infarmed, em Lisboa, apurou o JN. O encontro acontece horas antes do Conselho de Ministros que pode decidir o escalonamento para três níveis do recolher obrigatório deste fim de semana, consoante a gravidade da infeção, tal como António Costa pediu à ministra da Saúde que fizesse. Isso significará o aligeirar das medidas em 160 concelhos.
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O JN apurou que o primeiro-ministro terá equacionado o confinamento geral entre 28 de novembro e 13 de dezembro, nos moldes de março e abril. Mas recuou perante o risco de haver uma corrida às compras de Natal nos dias seguintes. Deverá antes optar pela proibição de circulação entre concelhos nas pontes de dezembro.
Esta medida pode ser aprovada no sábado, após o Parlamento votar a extensão do estado de emergência, que termina às 23.59 horas da próxima terça-feira. O novo regime de exceção, que o PSD já disse que viabiliza, irá vigorar até ao feriado do dia 8.
Quanto ao antecipar das férias escolares - com início a 18 de dezembro -, o objetivo seria evitar o encerramento das aulas presenciais, como aconteceu na Áustria esta semana. Os ministros da Educação e do Superior não se reveem na medida, disseram fontes governamentais ao JN.
Marcelo: "Está a correr mal"
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, admitiu não ser "contra a medida tendo em conta os números. Porém, "a ser verdade, é necessário que as escolas sejam o quanto antes informadas", alertando para a necessidade de reagendar testes e reuniões de avaliação. Já a Confederação das Associações de Pais teme os impactos nas famílias.
Refira-se que, em setembro, na última reunião do Infarmed, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes tinha avisado que o aumento dos números na segunda onda dependeria da forma como as escolas se mantivessem abertas.
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Esta quarta-feira à exceção do PS, só o PSD não se opôs à "renovação do estado de emergência", mas critica a exceção para o Congresso do PCP. Das cinco forças políticas ouvidas por Marcelo Rebelo de Sousa, CDS, PCP e BE mostraram grandes dúvidas sobre a estratégia do Governo, que o próprio presidente terá reconhecido "estar a correr mal".
"É tempo de o Governo se deixar de medidas mínimas e ter medidas robustas capazes de apoio económico e social que tempere as restrições", apontou Catarina Martins, líder do BE.